Por Gisela Gold
Ela dizia não como quem escova os dentes: todo santo dia. Conservava mania estranha de fechar a garganta quando alguém oferecia suco de possibilidade. O planeta tinha o tamanho do seu umbigo.
Até que um dia o moço da pamonha que passava em sua vila interrompeu o velho eco "pamonha, pamonha, pamonha quentinha" ao ouvir o canto que saía daquela mesma garganta que dizia não. Ele gritou "Faz de novo, moça. Seu canto é que nem minha pamonha: um bom começo de tarde". A moça sorriu e ele ofereceu a mais fresquinha. Quando viu era tarde demais: tinha dado um "sim" no lugar do velho conhecido "não".
Desde então, ela teimou de dizer essa palavra nova. Disse "sim" para uma porção de gente: uma amiga que se aproximou, uma comida que nunca provou, um colega que opinou, um rapaz que sempre lhe observou. O mundo começou a calçar um número maior. Ficou grandão.
Bendita pamonha.
Ela dizia não como quem escova os dentes: todo santo dia. Conservava mania estranha de fechar a garganta quando alguém oferecia suco de possibilidade. O planeta tinha o tamanho do seu umbigo.
Até que um dia o moço da pamonha que passava em sua vila interrompeu o velho eco "pamonha, pamonha, pamonha quentinha" ao ouvir o canto que saía daquela mesma garganta que dizia não. Ele gritou "Faz de novo, moça. Seu canto é que nem minha pamonha: um bom começo de tarde". A moça sorriu e ele ofereceu a mais fresquinha. Quando viu era tarde demais: tinha dado um "sim" no lugar do velho conhecido "não".
Desde então, ela teimou de dizer essa palavra nova. Disse "sim" para uma porção de gente: uma amiga que se aproximou, uma comida que nunca provou, um colega que opinou, um rapaz que sempre lhe observou. O mundo começou a calçar um número maior. Ficou grandão.
Bendita pamonha.
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