terça-feira, 23 de março de 2010

Qual a necessidade?

Por Mônica Othero Nunes

Eu não sei se Medellín é aqui ! E torço para que não seja NUNCA!
Eu não entendo ainda a necessidade de se divulgar fatos, imagens, detalhes, seja de objetos, pessoas, situações ocorridas em Patrocínio no campo da violência e lesões seja de ordem material ou não.
Basta ficar uns dias fora e ao acessar jornais locais dá uma inquietação, vem a pergunta: qual a necessidade dessa divulgação?
Seria questão de audiência?
Seria falta de outras notícias?
Seria a necessidade de tentar adiar o fato que essa ferida escancarada passa a ser infelizmente normal?
“Estamos crescendo! Outras cidades também vivem essa mesma situação"
Discordo literalmente desses argumentos.
Só existe desenvolvimento quando existe equilíbrio em todos os setores.
O fato é que essas “notícias” muitas vezes cópias de boletim de ocorrências policiais envolvem pessoas (sim pessoas!).
A condição que trouxe aqui pode ser desde passagem, chance de conseguir trabalho, uma casa ou algum benefício ou mesmo para ficar perto de algum familiar.
Porém, ainda não foram incluídas em nenhum programa sócio, educativo, cultural abrangente que promova e cuide da inclusão social de acordo com as características do Município.
Se você percorrer alguns bairros de Patrocínio vai conhecer uma Patrocínio que a maioria desconhece seguindo à deriva da sorte ou como disse Zé Ramalho em Admirável Gado Novo

“Lá fora faz um tempo confortável
A vigilância cuida do normal
Os automóveis ouvem a notícia
Os homens a publicam no jornal...”

Quem reside fora desse Município faz a pergunta: "o que está acontecendo por lá? É verdade o que vem sendo divulgado? Vocês não vão fazer nada?”
E quem reside aqui clama para que uma mudança aconteça! É preciso fazer um diagnóstico social/educativo/cultural desse município e não deixar ninguém de fora, de canto a canto, sem discriminação, envolvendo todos os segmentos para que assim aconteçam ações positivas.
Muitas vezes a punição e o medo por si só não bastam.
Não é essa a cidade que herdamos de nossos antepassados!
Não é essa a cidade que queremos deixar para nossos filhos e netos.

Existem contradições sociais gritantes e estamos sim, indiretamente “valorizando situações" onde “se muito vale o já feito, mais vale o que será".
A indignação por si só não basta é preciso tirar a armadura do comodismo, da omissão, dos braços cruzados, do esperar acontecer, do dedo que aponta culpados e esquece que todos nós pertencemos à mesma sociedade.
Ninguém é melhor do que ninguém e ninguém sabe a hora onde o amor ou a dor vão se manifestar.
Precisamos sim assumir nossas falhas como pessoas.
Precisamos sim participar aqui e ali, discutir em casa, na escola, junto com a imprensa e representantes públicos para que ações aconteçam.
Somos socialmente complementares e a desgraça de um não pode ser o júbilo de outro.

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