PEGN
Kelly Michel, da Artemísia, mostra que é possível unir rentabilidade ao combate à pobreza
Por Fernanda Tambelini
A americana Kelly Michel é fundadora da Artemisia, entidade de apoio aos negócios sociaisoportunidades do setor que concilia a busca de lucros com a redução da pobreza. com atuação no Brasil, no Senegal e na França. Na entrevista abaixo, concedida por e-mail, ela fala sobre as características e
O que caracteriza os negócios sociais?
Os negócios sociais são iniciativas economicamente rentáveis que oferecem soluções para problemas sociais, utilizando mecanismos de mercado. Essas iniciativas contribuem para reduzir a pobreza de três maneiras: pelos produtos, pelos serviços e pela inclusão de pessoas de baixa renda na cadeia produtiva. Negócios sociais têm modelos integrados, em que o core business gera ao mesmo tempo riqueza e um impacto social positivo. É diferente da responsabilidade social empresarial, em que muitas vezes ganha-se dinheiro de forma tradicional, com o repasse de parte dos recursos para iniciativas sociais.
Qual a perspectiva de expansão do segmento?
Em termos de demanda para negócios sociais, podemos dizer que existem 4 bilhões de pessoas de baixa renda no mundo. No Brasil, a base da pirâmide (classes C, D e E) representa 85% da população e 76% do consumo. Assim, existe espaço para comercializar produtos e serviços que melhoram a saúde, educação e habitação de pessoas de baixa renda e ainda sejam economicamente viáveis no mercado. Percebemos que o Brasil oferece um contexto muito positivo para o desenvolvimento de negócios sociais. O país tem o maior mercado interno da América Latina, uma estabilidade macroeconômica crescente (mostrada pela conquista recente do “investment-grade”), recursos humanos muito capacitados e experientes, uma história de políticas públicas progressistas, um setor social sofisticado, grandes empresas em crescimento e investidores nacionais que se preocupam com a sociedade brasileira. Além de tudo isso, numa cidade como São Paulo, existe um constante confronto entre uma riqueza e privilégio incrível e uma pobreza e falta de opção assustadora. É nesse choque que enxergamos uma oportunidade incomum de desenvolver novos modelos que oferecem mais oportunidades para todas as pessoas, não só as que já têm muita oportunidade. Ao mesmo tempo, o Brasil precisa enfrentar alguns obstáculos antes de se tornar referência mundial no setor de negócios sociais. Assim como no caso de empresas tradicionais, os negócios sociais também sofrem com a burocracia brasileira, com a falta de infra-estrutura e educação pública de qualidade.
Você teria alguma orientação para quem pretende montar um negócio social ou transformar uma empresa já existente em um empreendimento assim?
O primeiro passo é o autoconhecimento. Você tem certeza de que quer mesmo empreender? Você quer se comprometer com essa escolha de vida que traz tantas incertezas e riscos? Isso não é para todo mundo! Cursos como, por exemplo, o Empretec do Sebrae podem ajudar no processo de reflexão, na avaliação do “perfil empreendedor” e detecção de talentos e fraquezas.
Depois de ter certeza que se quer empreender, o segundo passo é aprender tudo sobre o mercado e segmento no qual você quer atuar. Quem está fazendo alguma coisa parecida? Quais demandas existem para serem atendidas? Com quem você poderia se juntar para ter acesso a conhecimento especializado nesse segmento? Você também deve procurar informação sobre o setor de negócios sociais, para aprender das experiências de outros empreendedores com mais tempo de estrada e outros atores no campo.
Acredito muito no aprender fazendo, que é um principio de base da Artemisia. Tudo poderia aparecer lindo na teoria, mas somente quando a ideia vai para a rua é que o empreendedor adquire aprendizados práticos para ir avançando o seu modelo. Ninguém precisa necessariamente se lançar já grande. Vale a pena ir testando o modelo escolhido com recursos reduzidos, para confirmar sua validade antes de investir mais. Não deixe que a falta de dinheiro te paralise! Há muitas maneiras de se começar hoje, com o que você tem hoje.
Onde é possível buscar mais informações sobre negócios sociais?
No início do ano que vem, a Artemisia vai lançar cursos e outros recursos para auxiliar pessoas que querem se envolver em negócios sociais, seja como empreendedores, gestores, investidores, voluntários, fornecedores, etc. Até lá, vale a pena acompanhar os sites www.artemisia.org.br e www.artemisia-international.org . Outras fontes de informação sobre negócios sociais, infelizmente só em inglês, são www.socialcapitalmarkets.net e www.clearlyso.com .
Kelly Michel, da Artemísia, mostra que é possível unir rentabilidade ao combate à pobreza
Por Fernanda Tambelini
A americana Kelly Michel é fundadora da Artemisia, entidade de apoio aos negócios sociaisoportunidades do setor que concilia a busca de lucros com a redução da pobreza. com atuação no Brasil, no Senegal e na França. Na entrevista abaixo, concedida por e-mail, ela fala sobre as características e
O que caracteriza os negócios sociais?
Os negócios sociais são iniciativas economicamente rentáveis que oferecem soluções para problemas sociais, utilizando mecanismos de mercado. Essas iniciativas contribuem para reduzir a pobreza de três maneiras: pelos produtos, pelos serviços e pela inclusão de pessoas de baixa renda na cadeia produtiva. Negócios sociais têm modelos integrados, em que o core business gera ao mesmo tempo riqueza e um impacto social positivo. É diferente da responsabilidade social empresarial, em que muitas vezes ganha-se dinheiro de forma tradicional, com o repasse de parte dos recursos para iniciativas sociais.
Qual a perspectiva de expansão do segmento?
Em termos de demanda para negócios sociais, podemos dizer que existem 4 bilhões de pessoas de baixa renda no mundo. No Brasil, a base da pirâmide (classes C, D e E) representa 85% da população e 76% do consumo. Assim, existe espaço para comercializar produtos e serviços que melhoram a saúde, educação e habitação de pessoas de baixa renda e ainda sejam economicamente viáveis no mercado. Percebemos que o Brasil oferece um contexto muito positivo para o desenvolvimento de negócios sociais. O país tem o maior mercado interno da América Latina, uma estabilidade macroeconômica crescente (mostrada pela conquista recente do “investment-grade”), recursos humanos muito capacitados e experientes, uma história de políticas públicas progressistas, um setor social sofisticado, grandes empresas em crescimento e investidores nacionais que se preocupam com a sociedade brasileira. Além de tudo isso, numa cidade como São Paulo, existe um constante confronto entre uma riqueza e privilégio incrível e uma pobreza e falta de opção assustadora. É nesse choque que enxergamos uma oportunidade incomum de desenvolver novos modelos que oferecem mais oportunidades para todas as pessoas, não só as que já têm muita oportunidade. Ao mesmo tempo, o Brasil precisa enfrentar alguns obstáculos antes de se tornar referência mundial no setor de negócios sociais. Assim como no caso de empresas tradicionais, os negócios sociais também sofrem com a burocracia brasileira, com a falta de infra-estrutura e educação pública de qualidade.
Você teria alguma orientação para quem pretende montar um negócio social ou transformar uma empresa já existente em um empreendimento assim?
O primeiro passo é o autoconhecimento. Você tem certeza de que quer mesmo empreender? Você quer se comprometer com essa escolha de vida que traz tantas incertezas e riscos? Isso não é para todo mundo! Cursos como, por exemplo, o Empretec do Sebrae podem ajudar no processo de reflexão, na avaliação do “perfil empreendedor” e detecção de talentos e fraquezas.
Depois de ter certeza que se quer empreender, o segundo passo é aprender tudo sobre o mercado e segmento no qual você quer atuar. Quem está fazendo alguma coisa parecida? Quais demandas existem para serem atendidas? Com quem você poderia se juntar para ter acesso a conhecimento especializado nesse segmento? Você também deve procurar informação sobre o setor de negócios sociais, para aprender das experiências de outros empreendedores com mais tempo de estrada e outros atores no campo.
Acredito muito no aprender fazendo, que é um principio de base da Artemisia. Tudo poderia aparecer lindo na teoria, mas somente quando a ideia vai para a rua é que o empreendedor adquire aprendizados práticos para ir avançando o seu modelo. Ninguém precisa necessariamente se lançar já grande. Vale a pena ir testando o modelo escolhido com recursos reduzidos, para confirmar sua validade antes de investir mais. Não deixe que a falta de dinheiro te paralise! Há muitas maneiras de se começar hoje, com o que você tem hoje.
Onde é possível buscar mais informações sobre negócios sociais?
No início do ano que vem, a Artemisia vai lançar cursos e outros recursos para auxiliar pessoas que querem se envolver em negócios sociais, seja como empreendedores, gestores, investidores, voluntários, fornecedores, etc. Até lá, vale a pena acompanhar os sites www.artemisia.org.br e www.artemisia-international.
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