sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Sobre escrever

Bacia das Almas

Já foi dito várias vezes – e, ainda mais vezes, colocado por escrito, – mas escrever é para gente não-resolvida. Quem é verdadeiramente livre e vital não encontra brecha de vida para vaquejar palavras para dentro de uma página.

Todas as artes requerem do oficiante uma dose de auto-obsessão, mas o escritor é dentre todos o mais diretamente absorvido com a sua imagem. O escritor, mesmo quando fala do mundo e dos outros, tagarela apenas de si e para si; ele pode chegar a tornar-se universal, mas apenas na medida em que for fiel à sua obsessão com a auto-elucidação.

Deve ficar claro que não é o fato de ser escritor que o torna obcecado com a sua imagem. O trajeto é oposto: é de fato sua auto-absorção – o ruído ensurdecedor produzido pela sua própria máquina – que o conduz a ser escritor. A precaríssima tese de cada autor é que ele mesmo pode ser, mesmo que por um instante, mais interessante do que o mundo inteiro; é só essa intemperança que o levará a escolher uma vida em que possa tentar impor diariamente a sua supremacia sobre o universo.

E justamente nisso, em que o escritor só sabe se ocupar da sua imagem, é que fica claro o seguinte: escrever é a arte de viver compondo, corrigindo e grifando como gostaríamos de ser lembrados. É desenhar, aprovar e erguer a plataforma de nossa própria justificação.

Enquanto a maior parte de nós contenta-se em viver, o escritor toma as ferramentas da vida como insuficientes para explicar ao mundo quem ele realmente é. O arcabouço do dia a dia – levantar, trabalhar, esquecer, amar – lhe parece vaso insuficiente para saciar a sede da sua autoexpressão. Escritor é o cara que, considerando a vida escassa e acanhada para conter e manifestar a sua singularidade, passa a vida redigindo o seu próprio epitáfio.

É obsessão com a morte no sentido mais negativo e imaturo da coisa. Ou, dito no vocabulário de uma outra mitologia: a letra mata. Essa carga letal não impede, no entanto, que o autor gaste seus dias buscando na palavra um simulacro de vida. É na verdade essa quase-vida, esse paliativo do espírito, que o atrai na palavra escrita.

Já quem pisa o terreno da integridade e da suficiência não precisa, dizem-me, desses subterfúgios.

É portanto muito conveniente e muito elucidativo que a Bíblia tenha sido colocada por escrito, e que o Verbo encarnado – o Verbo encarnado, veja bem – não tenha jamais se inclinado sobre o papel. Em sua condição de texto, a Bíblia denuncia tacitamente a limitação de seus autores, bem como sua rejeição essencial de um mundo não definido pelas palavras e além das palavras contido.

O Filho do Homem, por outro lado, é um cara que existia e que tinha mais o que fazer. Os notáveis escrevem, mas o grandes limitam-se a viver, e nisso são indistinguíveis da gente comum.
* * *

Portanto, embora seja esperado que eu mesmo gaste tanto tempo escrevendo, é também paradoxal, porque só chegarão a me conhecer os que não lerem os meus livros – ou os que solenemente os ignorarem.

Talvez ninguém tenha me descrito e me ensinado melhor do que o atarefado Gabriel, que não deve ter ainda sete anos e decretou debaixo do sol de um verão na Toscana: sei vecchio, ciccio e non sai dire nulla: “você é velho, gorducho e não sabe dizer nada”. E disse isso sem afrouxar o abraço que estava me dando, e sem alterar em nada a consideração com que sempre me tratou.

Pequenos produtores criam associação dentro do Sistema Café do Cerrado

Expocaccer

Até algum tempo atrás os pequenos produtores, sobretudo da região do Cerrado, sentiam-se à margem de alguns benefícios oferecidos, e conseguidos, aos médios e grandes cafeicultores. Tendo geralmente o cultivo em sua propriedade nos moldes da agricultura familiar, esses produtores têm culturas diversificadas, produzindo assim um volume menor de cada produto.

Há pouco mais de dois anos a realidade desta classe de cafeicultores na região de Patrocínio vem mudando, com a criação do NUCOOPP – Núcleo Cooperativista dos Pequenos Produtores, esses recebem uma atenção direcionada em armazenagem, comercialização nos mercados físico e futuro, assistência técnica, acesso facilitado a crédito e insumos. Desta forma, com o apoio das três cooperativas do convênio, Expocaccer, COOPA e SICOOB COOPACREDI, os pequenos produtores perceberam que juntos é possível vencer as adversidades do mercado e que em conjunto, contando com o apoio das cooperativas, Federação dos Cafeicultores do Cerrado, SEBRAE e Secretaria Municipal de Agricultura, podem ir mais longe do que, individualmente, supunham.

A certificação
O grande passo que esses pequenos produtores almejam dar é rumo ao mercado externo. Buscando exportarem seu produto, esses cafeicultores identificaram a necessidade de possuírem um selo de certificação, assegurando ao mercado as boas práticas agrícolas e a qualidade de seu café, e neste contexto surgiu a busca pela certificação Fairtrade (Comércio Justo). Esta certificação representa uma iniciativa que une responsabilidade social, sustentabilidade e competitividade para pequenos e médios produtores. Trata-se de uma parceria entre produtores e consumidores para auxiliar os primeiros a ultrapassarem as dificuldades enfrentadas e com isso aumentar seu acesso ao mercado, promover seu desenvolvimento sustentável e garantir estabilidade financeira.

(...)

Esta certificação utiliza o mecanismo de grupos. Contudo, não havia dentro do Sistema Café do Cerrado um grupo específico de pequenos produtores formado para este fim e foi então que a ideia de criar uma associação própria para buscar a certificação Fairtrade se mostrou atraente e carregada de novas possibilidades para esta classe.

A associação
(...)
A principal característica da APPCER é que ela surgiu dentro do Sistema Café do Cerrado e com isso ela é considerada a sétima associação. Este fato é extremamente positivo e inovador, pois descarta a necessidade de que haja outras associações de pequenos produtores dentro dos 55 municípios do Sistema para buscarem o selo Fairtrade, a APPCER é válida para toda a região do Café do Cerrado. Sendo assim, serão criados núcleos nos municípios e estes núcleos serão coordenados pela APPCER. A Federação vê nesta nova associação uma forma eficaz de aproximação dos pequenos produtores, isto fecha a grande necessidade que a região tem de ter uma associação para esta classe.


O grande parceiro desta iniciativa é o SEBRAE, cujo analista do órgão, responsável pelos projetos do Café do Cerrado, Marcos Geraldo Alves, já vislumbra o sucesso do empreendimento. “O Café do Cerrado é uma das regiões que tem maior atuação do SEBRAE e este ano iniciamos o projeto Fairtrade Café do Cerrado, cujo objetivo central é preparar os pequenos produtores da região para inserção no mercado externo de maneira justa e diferenciada. Temos excelentes resultados em outras regiões de Minas e pelo trabalho realizado pelo consultor do SEBRAE na adequação dos produtores de nossa região, acredito que no Cerrado, mais uma vez, teremos excelentes resultados.”

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ACIP/CDL lutam por regulamentação da Lei Geral das Micro e Pequenas Empresas ainda em 2010

ACIP/CDL

A diretoria da ACIP/CDL está trabalhando para a regulamentação em Patrocínio da Lei Geral das Micro e Pequenas Empresas. A lei entrou em vigor em 2007, mas precisa ser regulamentada nos municípios. As entidades estão em negociação com a Prefeitura de Patrocínio e a Câmara Municipal para que a regulamentação aconteça ainda em 2010.

Os benefícios para os micro e pequenos empreendedores. A partir da regulamentação da Lei Geral, os órgãos públicos poderão dar preferência aos pequenos negócios em suas licitações. Está previsto que as licitações de até R$ 80 mil poderão ser feitas exclusivamente para micro e pequenas empresas. Acima disso, 25% ainda devem ser reservados às micro e pequenas empresas. Também será permitida a sua subcontratação por empresas de maior porte e a possibilidade de fornecimentos parciais de grandes lotes, quando empresas de pequeno porte terão preferência caso os preços sejam próximos aos das grandes.

O presidente da Associação Comercial e Industrial de Patrocínio avalia que os benefícios da Lei Geral são enormes e a ACIP/CDL vão lutar pela regulamentação nesse ano. “É uma lei de extrema importância para o micro e pequeno empreendedor do município por isso a ACIP/CDL estão levantando essa bandeira para que seja regulamentada ainda este ano em Patrocínio. Contamos para isso com as parcerias da Prefeitura e da Câmara Municipal”, diz Marco Wendell Duarte Frazão.

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Alunos do IESP recebem série de empreendedores para troca experiências

Faculdade Iesp

Os alunos do 4º período do curso de Administração da Faculdade IESP vão ter contato direto com empreendedores do Município. Uma série de palestras, com casos reais de empreendimentos regionais, serão proferidas por empresários da cidade ao longo de várias semanas, sempre uma vez por semana.

A primeira palestra aconteceu nessa quarta-feira, 03, com o Engenheiro Agrônomo Renato Maia proprietário do BioCoffee – Café Gourmet Orgânico. Renato apresentou aos alunos um produto que sai de Patrocínio e conquista o paladar de americanos e europeus, uma vez que, o BioCoffee é exportado.

Os alunos do IESP ouviram com atenção a “saga” do surgimento do produto, as dificuldades iniciais, os processos da certificação internacional e de construção da marca e, quanto a falta de um plano de negócios dificultou a jornada empreendida. Muitas perguntas foram feitas e os alunos mostraram-se realmente interessados na palestra.

Renato deixou várias lições para os alunos, uma delas é: “o que eu fiz foi aliar uma coisa que eu sabia fazer, sendo agrônomo, com uma demanda do mercado que ainda não estava suprida. Contei com a ajuda de muitos amigos das mais diversas áreas. Assim, apesar da dificuldade do início, o empreendimento tende a dar certo” – explicou ele.

Renato frisou ainda que após tantas dificuldades enfrentadas, decidiu fazer um curso de pós graduação em administração, fato esse que trouxe muito conhecimento para facilitar a vida de empresário empreendedor.

As palestras acontecem durante as aulas de empreendedorismo do professor David Fernando Ramos. “Os alunos veem as teorias em sala de aula, o que fizemos foi trazer quem entende os tramites da construção de um negócio para dentro da sala de aula. Cara a cara os alunos têm a chance de ouvir erros e acertos e aplicar os conhecimentos em seu dia-a-dia. Vale lembrar que nosso curso prioriza a postura empreendedora, tanto que o Trabalho de Conclusão de Curso trabalha o ultimo ano com a profunda construção de um Plano de Negócios, ou seja, munir o aluno de tecnologia aplicada para decidir e avançar na abertura de novos empreendimentos, alinhados com o desenvolvimento rápido e sustentável com que acena a economia de Patrocínio”- finalizou Ramos.

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Prêmios Procultura para as expressões culturais populares

Lançado Prêmio ProCultura de Estímulo ao Circo, Dança e Teatro 2010

Foi publicado nesta segunda-feira, dia 25/10, no Diário Oficial da União, o edital do Prêmio ProCultura de Estímulo ao Circo, Dança e Teatro. O objetivo é aprimorar , desenvolver e consolidar as linguagens de Circo, Dança e Teatro, a partir da ampliação de sua capacidade de produção, difusão, circulação e estruturação.

Realizado pela Secretaria de Fomento e Incentivo à Cultura do Ministério da Cultura e pela Fundação Nacional de Artes, o Prêmio conta com um investimento total de R$ 22,2 milhões e é voltado para pessoas físicas e jurídicas, com ou sem fins lucrativos. Serão contempladas 197 iniciativas que viabilizem atividades das três áreas nas categorias Produção Artística, Programação de Espaços Cênicos e Substituição de Lona Circense e/ou Acessórios.

Categoria A: Produção Artística – serão premiados 82 projetos de produção artística que promovam a diversidade temática e estética, bem como ações de formação de plateia.

Investimento: R$ 10,8 milhões

Categoria B: Programação de Espaços Cênicos – serão contempladas 47 instituições que administrem espaços cênicos, em atividade ou que necessitem de revitalização, ou de espaços públicos abertos que se caracterizam como sedes públicas.

Investimento: R$ 8,6 milhões

Categoria C: Substituição de Lona Circense e/ou Acessórios – serão selecionados 68 projetos circenses, destinados a circos de lona, itinerantes ou fixos, escolas de circo que, embora sem condições estruturais ideais, mantenham suas atividades.

Investimento: R$2,5 milhões

Os projetos serão avaliados e selecionados por três comissões, uma para cada categoria. As inscrições podem ser feitas até 10/12/2010.

Investimento total: R$ 22,2 milhões para premiação de 197 projetos em três categorias.

As inscrições devem ser feitas pelo Salic Web, até 10/12/2010


PRÊMIO PROCULTURA PARA AQUISIÇÃO DE LONAS E EQUIPAMENTOS CIRCENSES

O objetivo principal do prêmio Procultura para aquisição de lonas e equipamentos circenses é a viabilização da criação e da itinerância do circo por meio da aquisição de lonas, acessórios e instrumentos necessários para a cena e para a aprendizagem.

O prêmio beneficiará circos itinerantes e fixos, bem como escolas e projetos que utilizem a linguagem circense como instrumento pedagógico para a transformação social e a construção da cidadania. O valor do edital será de R$ 2,5 milhões e premiará 68 candidatos que precisem trocar e/ou adquirir lona e acessórios circenses.

Prêmio ProCultura de Fomento à Produção de Documentários Etnográficos

O prêmio Procultura de Fomento à Produção de Documentários Etnográficos tem como objetivo fomentar projetos voltados para a pesquisa, identificação, valorização e reconhecimento do patrimônio material e imaterial.

A ação é promovida pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) e busca incentivar a produção de documentários etnográficos sobre patrimônio cultural imaterial e as iniciativas voltadas para a melhoria das condições de transmissão, produção e reprodução dos bens que compõem esse universo. Para este programa o orçamento total previsto é de R$ 2,5 milhões e premiará 19 participantes.

Prêmio ProCultura Viva meu Mestre

O prêmio Procultura Viva Meu Mestre tem como objetivo reconhecer e fortalecer a tradição cultural da Capoeira no Brasil.

A ação é promovida pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) por meio de concurso público e premiará Mestres, Mestras e professores de Capoeira, com idade igual ou superior a 60 (sessenta) anos, cuja trajetória de vida tenha contribuído de maneira fundamental para a transmissão e continuidade da Capoeira no país. Para este programa o valor edital ajustado será de R$ 2,1 milhões e premiará150 participantes.

Palestra sobre Impactos da Vale em Patrocínio

ACIP/CDL

A ACIP/CDL já tem agendada para o mês de novembro uma palestra com o Secretário Municipal de Desenvolvimento Econômico Sustentável e Turismo de Patrocínio, Thiago Miranda, com o tema “Impactos Econômicos da Implantação da Vale Fertilizantes em Patrocínio - Projeto Salitre”.

[Agenda]
Evento:
Palestra sobre a Vale em Patrocínio
Dia: 10/11/2010
Hora: 19h30
Local: Auditorio da ACIP/CDL
Obs.: É necessário a confirmação da presença pelo telefone: 3831-5500

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segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Leis do Futebol para um resultado eleitoral

Por Elio Gaspari

Hoje à noite será conhecido o próximo presidente da República. Desde 1989 não se via uma campanha terminar de forma tão divisiva e oca. O estudo do mapa eleitoral permitirá que se chegue a explicações políticas e sociais para o resultado. De todas, a de alta toxicidade e baixa honestidade será aquela que atribuirá a derrota ao marqueteiro.

Nenhuma explicação superará a mais elementar constatação: o povo foi chamado, cada cidadão teve direito a um voto, eles foram contados, e foi eleito quem teve mais preferências.


A pobreza da campanha durante o segundo turno criou terreno fértil para uma perigosa radicalização.


De um lado e de outro surgiram vozes, ainda tímidas, discutindo a legitimidade do mandato. Em alguns casos, vocalizam um paradoxo: o
resultado de hoje pode colocar em risco a democracia brasileira. Fica difícil entender como uma eleição pode ameaçar a democracia.

Esse tipo de raciocínio embute, necessariamente, a desqualificação do voto do outro. Parte do pressuposto segundo o qual os votos dados a uma candidatura valem mais (ou menos) do que aqueles dados a outra. É o mais antidemocrático dos argumentos: meu voto é melhor que o dele.


Essa prática prosperou no século passado e custou ao Brasil 36 anos de ditaduras durante as quais o povo não escolheu presidente algum.


Agora mesmo, nos Estados Unidos, há milhões de americanos convencidos de que o companheiro Obama pode ser considerado um socialista (55%), nasceu no Quênia, ou na Indonésia (24%), e é muçulmano (20%). Quem pensa assim nesta semana deverá votar contra seus candidatos, mas ninguém milita na contestação da legitimidade do seu mandato.


Dois filósofos do
futebol podem socorrer tanto aqueles que se julgarem vencedores como os que se sentirem derrotados.

Aos vencedores: O melhor time sempre ganha. O resto é fofoca. (Do técnico escocês Jimmy Sirrel.) Aos perdedores: O melhor time pode perder. O resto é fofoca, boa fofoca. (Do professor norueguês Steffen Borge, da Universidade de Tromso, comentando a teoria de Sirrel.)