quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

Entre o Ano Novo e o Natal

Não se enganem: o que engorda não está entre o Natal e Ano Novo. Isso mesmo. Não é o peru da ceia que engorda, é o que comemos todos os dias. Não conseguimos o que queremos fazendo desejos mas trabalhando. Mesmo assim, concentramos uma quantidade desproporcional de expectativa e otimismo neste período de festas. Fazemos grandes resoluções, tomamos decisões que estavam adiadas, fazemos promessas. Pode ser por influência do espírito natalino ou porque promessas de ano novo duram menos que a ressaca da festa de Réveillon. Mas, seja qual for a razão, prestar mais atenção nessa dinâmica pode, verdadeiramente, mudar nossas vidas.

As promessas de ano novo têm tanta credibilidade quanto promessas de político em época de eleição. Duvidamos mas damos ouvido, queremos acreditar e, em alguma medida, até orientamos algumas decisões pensando nelas. Mas, lá no fundo, ficamos muito desconfiados quase apostando quanto tempo elas vão durar. Evidentemente, acabamos por provocando o que queríamos evitar. Não fazemos nada para que elas se tornem realidade. Pensamos que não vão dar certo e contribuímos para que não dêem mesmo. Mas as promessas carregam em si algum desejo ou a resposta a alguma necessidade. Quando as boicotamos, estamos jogando contra nós mesmos.

Nesse período, sempre pensamos em dinheiro. Queremos ganhar mais dinheiro e queremos gastá-lo melhor. Queremos mais planejamento, queremos mais controle, queremos mais resultado. Revemos as contas, fazemos orçamento novo. Avaliamos onde dá para apertar o cinto e como faremos para conseguir o que queremos. Pensamos em como garantir o plano de saúde, as mensalidades e o material da escola, o bom e velho “leite das crianças”. Pensamos na casa, nas férias, no carro. Mas, se as promessas de ano novo se parecem com as promessas eleitoreiras, nossas preocupações com dinheiro privado também se parecem com nossas preocupações com o dinheiro público. Prestamos atenção quando o orçamento é aprovado ou quando há algum escândalo. No cotidiano, queremos achar que está tudo dentro do esperado. Até que comecemos a fazer novos planos – ou até que falte dinheiro.

Para conseguir dinheiro e resultados, o caminho é o trabalho. Dinheiro honesto vem mesmo é de trabalho com dedicação e competência e de seus resultados. Parece ridículo dizer isso - de tão óbvio - mas aceito o risco: quer resultados? Trabalhe por eles. Os tais desejos e necessidades que mencionei nem sempre significam a ação necessária para que sejam atendidos. É simples assim: você quer uma coisa, corra atrás. Simples, mas não acontece. A promessa não significa esforço, logo não há resultado. Pensar nos termos da Física chega a ser divertido: trabalho é a transferência de energia pela aplicação de uma força ao longo de um deslocamento. Em “português”: para que algo mude de lugar, é preciso fazer força. Se queremos algo, precisamos trabalhar de maneira continuada e organizada para consegui-lo.

Para conseguir resultados é preciso fazer votos de Feliz Natal e Próspero Ano Novo o ano todo e trabalhar para construí-los. A promessa de eleição e a de ano novo exigem atenção, planejamento, dedicação, disciplina e muito trabalho para deixarem de ser promessas vazias. Usar melhor o dinheiro, público e privado, depende também de atenção, planejamento, dedicação, disciplina e muito trabalho. Resultados melhores e conquistas são conseqüências de trabalho. Para acontecer qualquer mudança, é preciso “transferir energia pela aplicação de uma força ao longo de um deslocamento”. É preciso trabalhar. Mandar cartões com grandes votos é ótimo mas precisa ser acompanhado de ações que construam as tais felicidade e prosperidade. Vale caprichar na árvore, na ceia e nos presentes. Vale vestir branco, pular ondas, jogar sementes de romã. Dá para começar com alimentação balanceada, exercícios regulares, sono e lazer. Dá para se dedicar mais a sua própria família, a seu bairro, a sua cidade. Dá para fazer muito. Mas esperar que o Papai Noel, seu chefe ou o prefeito realizem seus desejos, isso não dá. Porque o que fazemos entre o Ano Novo e o Natal é que conta.

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