quinta-feira, 11 de junho de 2009

Desenvolvimento e Sustentabilidade: Uma e Outra Coisa

Essa semana comemoramos o “Dia Mundial do Meio Ambiente” mas demos o nome errado ao que queríamos celebrar. Na verdade, no dia 5 de queremos celebrar o Desenvolvimento. Há muito já aprendemos que falar em meio ambiente fora da perspectiva maior do desenvolvimento não faz muito sentido. O contrário, pensar desenvolvimento sem pensar meio ambiente, é, hoje, um contrasenso ainda maior. Se não podemos falar em um deles sem pensar no outro – ainda que sejam diferentes – poderíamos ter comemorado o processo mais abrangente, desenvolvimento, no dia do meio ambiente.

Já não questionamos a importância, a necessidade de discutirmos as questões ambientais. Quando aconteceu a primeira reunião da ONU para tratar o tema em 1972, o debate ainda era incipiente, o entendimento do tema era restrito a especialistas e, mais importante, a relação entre proteção ambiental e desenvolvimento era conflituosa. Por muito tempo pensamos que era preciso escolher entre um e outro. Um dos principais marcos da Conferência Rio 92 foi a ampla mudança dessa postura: o meio ambiente passou a ser preocupação de todos e passou a ser necessário para o desenvolvimento. Protegemos nossas nascentes, rios, florestas e animais sem parar de produzir mais produtos e mais riqueza. Ao contrário, pensamos em novas tecnologias tentando reduzir o consumo de matérias-primas, reutilizar o que produzimos e reciclar os materiais. Pensamos em como proteger o meio ambiente mas não questionamos a necessidade de fazê-lo.

Umas das maneiras mais simples e populares de estimular a reflexão sobre desenvolvimento é pensar nos três pilares da sustentabilidade: econômico, social e ambiental. Ora, ainda que a produção atual seja mais do que suficiente para atender as necessidades de toda a população queremos continuar melhorando a alocação dos recursos, criar novas tecnologias, novos produtos, remunerar o trabalho e conhecimento. Queremos que isso aconteça para que as pessoas melhorem de vida. Produzir mais, vender mais e gerar mais riqueza só faz sentido se melhorar a vida das pessoas. Mas melhorar a vida de poucos piora a sociedade como um todo. Para que isso tudo continue acontecendo no tempo, é preciso preservar o meio ambiente não apenas como fonte de recursos mas como riqueza em si mesmo e como fator necessário para a qualidade de vida. Os eixos econômico, social e ambiental da sustentabilidade são os eixos do desenvolvimento.Augusto de Franco trabalha bem essas idéias. Ele diz “Quando se fala aqui em desenvolvimento, fala-se, portanto, em melhorar a vida das pessoas, de todas as pessoas, das que estão vivas hoje e das que viverão amanhã. Sabemos mais ou menos quais são os ingredientes básicos do desenvolvimento humano e social sustentável. Sabemos que, em geral, para se desenvolver é preciso crescer, mas crescer sustentavelmente – quer dizer: produzir mais e melhor, ou melhor, mais quando isso signifique melhor, sem inviabilizar a vida das gerações futuras. E distribuir com mais equidade os frutos desse crescimento.
Sabemos, portanto, que não basta crescer economicamente. Na maioria dos casos isso é tão necessário quanto insuficiente. É preciso aumentar os graus de acesos das pessoas não apenas à renda, mas também à riqueza, ao conhecimento e ao poder ou à capacidade e à possibilidade de influir nas decissões públicas."

Quando nos dedicamos à sustentabilidade, nos dedicamos a um modelo de desenvolvimento. E crescimento é outra coisa. A frase mais bem humorada e emblemática sobre esse assunto diz que "crescer por crescer é a filosofia da célula cancerosa". Obrigatoriamente, pensamos em economia e em sociedade quando tratamos de meio ambiente. Pensamos em sustentabilidade - talvez o novo nome que demos para desenvolviemtno. Uma coisa é uma coisa mas nesse caso estamos falando da mesma coisa.

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