terça-feira, 25 de agosto de 2009

Canja de Galinha e Cama?

O que mais impressiona quando se trata da Influenza A é mesmo a falta de informação da sociedade. Há informação sobrando em todas as fontes possíveis: rádio, TV, internet, jornais e revistas. Apesar disso, ainda impressiona as bobagens que ouvimos, impressiona que elas venham, em muitos casos, de gente supostamente educada e esclarecida e, o pior de tudo, que muita gente parece mesmo é querer promover histeria e medo.

Para piorar a situação, há as teorias de conspiração que surgem, circulam e se multiplicam especialmente pela internet. Supostas conversas em programas de mensagens instantâneas dentro de hospitais e mensagens que vazaram de “fontes privilegiadas” mas que nunca trazem nenhum conteúdo verdadeiramente relevante ou, evidentemente, verificável servem para nada. Ou melhor, servem para prestar um desserviço à saúde pública. A velha história do “amigo da prima do vizinho da cunhada de uma pessoa que eu não sei bem quem é” foi quem disse.

Alguns apresentam argumentos que desviam o foco. Ao invés de tratar da Gripe em si, direcionam suas atenções para a política e para a indústria. É fundamental não se deixar levar pelo sensacionalismo de alguns veículos que se aproveitam do medo e da desinformação – apesar das múltiplas fontes – para tentar ganhar audiência. Isso é. É fundamental não perder de vista todas as questões sócio-políticas que estavam em andamento - em Brasília, Belo Horizonte e Patrocínio – porque alguém ameaça que o mundo vai acabar em gripe.

A indústria também é alvo preferencial dos “conspiracionistas”. Entre eles, alguns tentam defender que vírus como o H1N1 são subprodutos do nosso modelo de produção especialmente da agroindústria com suas práticas de confinamento, uso de antibióticos e hormônios e modificação genética. Outros, se preocupam em dizer quanto hospitais, médicos e, principalmente, a indústria farmacêutica estão ganhando com toda a situação.

É fato que muitos se interessam em desviar as atenções para outros assuntos. É fato que a imprensa, em geral, está mais preocupada com audiência do que com responsabilidade social e saúde pública. É fato que nosso modelo de produção contribui para epidemias desse tipo e muitos outros problemas que não cabe nem mencionar aqui. É fato que a maneira que nos organizamos como sociedade dá a possibilidade de ganho real para alguns setores mesmo em situações como a que enfrentamos agora. Mas são outros assuntos.

Tudo isso dito, é fato – e esse sim é o mais importante – que a gripe esta aí, que suas conseqüências é que matam, que as formas de transmissão e os sintomas são os mesmos da gripe comum, ou Influenza Sazonal, como queiram, que só o pessoal médico pode levantar suspeita sobre o tipo de gripe, só eles podem fazer a observação e a medicação necessária e só o teste é que vai dizer, em definitivo, se é uma gripe ou a outra. É fundamental ressaltar também que não temos condições de dizer que as complicações do H1N1 matam mais do que os outros tipos de vírus de gripe (que são vários).

Pensando bem, são muitos os pontos importantes... mas, vejam bem, gripe mata. A Suína e todas as outras. Boatos, disse-me-disse e histeria nunca ajudaram em nada nessa vida. Menos ainda para evitar a morte ou as gripes. Trancar-se dentro de casa ou andar com um pote de álcool pendurado no pescoço não vai resolver nada. Nossa única opção e nossa responsabilidade – de todo e qualquer cidadão - é disseminar informação para promover a prevenção e a saúde. Canja de galinha e cama não matam ninguém. Não matam nem o vírus da gripe.

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