domingo, 16 de agosto de 2009

Cuidado, Romeiros!

Não precisa ser especialista em trânsito nem em português para saber que as placas "Cuidado Romeiros" querem alertar os motoristas do perigo que os romeiros representam. Agora, não resta dúvida de que é preciso alertar os próprios romeiros do perigo que correm - e provocam - nas estradas. Independentemente de identificação, espiritualidade, religião, devoção a Nossa Senhora da Abadia, independente de absolutamente qualquer coisa: a romaria precisa ser tratada como uma questão de segurança pública para melhorar a vida de todos! Pelo menos no que diz respeito à ocupação das estradas da região.

Romeiros andam em grupos; andam um ao lado do outro, nos dois acostamentos e nos dois sentidos. Eles invadem a pista, atravessam a rodovia sem sequer olhar o trânsito; levam consigo crianças e animais (!!); forçam motos, carros e caminhões para o centro da pista; os próprios carros de amigos e familiares trafegam em velocidades incompatíveis com o trânsito de rodovia, outras vezes, circulam com duas rodas no acostamento ocupando meia pista de rolagem. Ou ainda pior, ora param no próprio acostamento impedindo a passagem dos romeiros que eles pretendem apoiar, mais uma vez, forçando-s para dentro da pista de rolagem do trânsito... Até parar em fila dupla, os carros param! Há também as barracas de comércio são montadas à beira da pista, algumas usando até mesas e cadeiras no acostamento! Ainda há os ciclistas que, por sua vez, trafegam muito mais rápido que os pedestres que eles tentam evitar entrando na pista de rolagem de frente para o trânsito pesado, usando os dois acostamentos, transitando nos dois sentidos. Alguém ousa responder se algum deles usa no mínimo um capacete?

Calma, a situação ainda pode piorar: isso tudo continua durante a noite. O número de romeiros que usam qualquer tipo de equipamento refletivo é insignificante. Os poucos que carregam uma lanterna não a mantêm acessa, logo, não são vistos até que o farol os atinja. Quando acendem a lanterna, as apontam para os veículos piorando a visibilidade dos condutores e aumentando o risco de acidentes. Ciclistas com iluminação? Refletivos? Carros de apoio parados fora da acostamento? Com pisca alerta ligado? Triângulo a uma distância segura? Portas fechadas? Motorista e passageiros fora do veículo em local seguro? E continuam todos em grupos, espalhados pelo acostamento e invadindo a pista, atravessando a pista sem olhar, continuam com crianças e animais, forçando o trânsito para o centro da pista....

Vejam bem, insisto, a questão de segurança pública não depende de qualquer julgamento da fé ou de suas formas de expressão e manifestação. Dizer que é uma vez por ano, num período relativamente curto, que é tradição da região, que a maioria dos romeiros é composta por pessoas simples e humildes, nada disso muda uma vírgula de lugar em termos de segurança. Ou melhor, não diminui em nenhum centímetro o tamanho dos veículos na estrada. Nem aumenta o tamanho da estrada.

Aos condutores e passageiros que usam a rodovia e seus acostamentos apenas para o que ela foi projetada e construída – o que não inclui pedestres, ciclistas,carros de apoio, parada em fila dupla, comércio,mesas e cadeiras – sobram o risco de participar ou provocar acidentes graves que podem facilmente resultar em mortes e, por isso, uma responsabilidade desproporcional à sua capacidade de resolver a situação.

Ao sair da estrada, a pé ou de carro, nos resta agradecer aos santos, santas, todas as apresentações de Nossa Senhora, Jesus Cristo e mais todas as divindades de todas as religiões por termos sobrevivido à experiência. Depois, nos cabe orientar amigos e parentes romeiros e motoristas a evitar o trecho e, quando for inevitável, tomar o máximo cuidado possível. Talvez, para o ano que vem, possamos (ou devamos) fazer muito mais que levantar as mãos para os céus.

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