quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

Para Libertar o Presente do Passado

Overmundo

Trechos do texto "Da aurora ao crepúsculo – relatos de uma viagem...", por Luis Osete

Parafraseando Debray, ainda que o presente de Cuba seja uma decepção, fomos acostumados, à revelia da grande mídia (esta sempre aliada aos interesses capitalistas), a olhar para a ilha de Fidel e ver a imagem de um país que dá certo sem depender das migalhas capitalistas. Na concepção do espetacular concentrado (vide “A sociedade do espetáculo”, de Guy Debord), é como se as conquistas revolucionárias no esporte, saúde e educação justificassem a permanente violência da ditadura da economia totalitária, concentrada numa única figura, Fidel. Em suma, continuamos vendo o passado (revolucionário) sobreposto ao presente (de carestia, desigualdade social e repressão). Olhar de outra maneira não significa renegar o processo revolucionário cubano, mas antes, libertar o presente do passado.
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A inversão de valores é surpreendente. É uma “gafe monumental” elogiar a revolução cubana diante de um povo que não suporta mais ter de carregar o estandarte do mito revolucionário. Todos lutam pela sobrevivência, seja vendendo alimentos no tal “mercado negro”, seja extorquindo turistas desatentos à lógica das duas moedas: a dos pesos cubanos (moeda nacional) e a dos pesos convertibles (CUC, que equivale a 24 pesos cubanos).
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Em determinado momento da narrativa, Samarone lança uma provocação ao leitor: “Dá pra imaginar um país em que todo mundo, com raríssimas excessões, quer ir embora?”. Realmente, não dá. Como não dá pra imaginar que revolução seja sinônimo de estagnação.

Uma revolução que para no tempo está, definitivamente, condenada a morrer. A máquina burocrática construída em cinco décadas de hegemonia partidária não pode reproduzir ao povo simples (e sem filiação ao “partido”) a estupidez de uma política econômica protagonizada pelos Estados Unidos.

Leia o texto completo aqui.

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