quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

Vamos trabalhar a “MASSA”?


Por Alex Real, no Overmundo

Caríssimos overmundis, depois de uma breve ausência ou de, por assim dizer, um pequeno bloqueio criativo, retorno às trincheiras para divagar sobre a questão que se segue. Mesmo correndo o risco de soar um tanto repetitivo (coisa que talvez, se deva a minha idade, que por sinal avança mais uma ano no dia de hoje).
Vamos à questão, sem mais delongas.

A “MASSA” a que me refiro é o povo, aquele mesmo da famosa frase “A VOZ DO POVO É A VOZ DE DEUS”, que por sinal, acho muito curiosa, pra dizer o mínimo, se levarmos em consideração que foi esse mesmo povo que levou à cruz o filho Dele. Temos que tomar uma posição veemente, pois precisamos decidir para que povo vamos deixar a tarefa de fazer as escolhas que afetam a vida de todos nós. E para não correr o risco de ter o meu post “limado” novamente, reitero que minhas considerações não são políticas, mas sim culturais. Eu pessoalmente não tenho nenhuma formação acadêmica, venho de uma família muito humilde, então não aceito a premissa de que o povo é ignorante por lhe faltar acesso ao conhecimento, o que se sucede é que o povo escolhe não ter acesso, escolhe o caminho fácil e danoso de deixar a grande mídia escolher por ele. Me lebro de meu avô, que era imigrante espanhol, pedreiro, analfabeto funcional, pois só sabia escrever o próprio nome, mas sabia ler, e muito bem, tanto que recitava de memória as obras de Fernando Pessoa, de quem era fã de carteirinha. Ora, se meu avô, mesmo com toda a dificuldade, conseguiu conhecer essa obra, entre outras, como explicar que hoje, mesmo com toda a facilidade, e a velocidade com que a informação se propaga pela televisão, internet e outras mídias, porque o povo não sabe quem foi Pessoa, só pra citar um, mas poderia ser Bandeira, ou Villa Lobos, ou mesmo Tom Jobim? A única razão que consigo ver é a falta de interesse, mas não só do povo, mas das políticas públicas para cultura no nosso país. Meu pai, para citar outro exemplo, só tinha o “ginasial” e era professor de música, conhecia e ensinava teoria musical, era praticamente um maestro, compunha e arranjava, conhecia a obra dos grandes, como Bach, Beethoven, List, Stravinsk, entre outros. Então meu background foi esse, eu tenho o segundo grau e alguns cursos técnicos, mas também tive o interesse, despertado, é claro, por meu avô e meu pai, pelas grandes produções culturais da humanidade.

Não estou querendo com isso, dizer que sou melhor do que ninguém, também faço parte da “MASSA”, mas essa foi trabalhada, como um padeiro que faz um pão, é apenas farinha, água e fermento, e se transforma em um alimento divino, pra não dizer sagrado. Precisamos pois, trabalhar mais carinhosamente essa massa, e escolher qual o legado para a próxima geração da “MASSA” vamos deixar.

Com a palavra os formadores de opinião, os governantes, e também os pais.

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