sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Sobre escrever

Bacia das Almas

Já foi dito várias vezes – e, ainda mais vezes, colocado por escrito, – mas escrever é para gente não-resolvida. Quem é verdadeiramente livre e vital não encontra brecha de vida para vaquejar palavras para dentro de uma página.

Todas as artes requerem do oficiante uma dose de auto-obsessão, mas o escritor é dentre todos o mais diretamente absorvido com a sua imagem. O escritor, mesmo quando fala do mundo e dos outros, tagarela apenas de si e para si; ele pode chegar a tornar-se universal, mas apenas na medida em que for fiel à sua obsessão com a auto-elucidação.

Deve ficar claro que não é o fato de ser escritor que o torna obcecado com a sua imagem. O trajeto é oposto: é de fato sua auto-absorção – o ruído ensurdecedor produzido pela sua própria máquina – que o conduz a ser escritor. A precaríssima tese de cada autor é que ele mesmo pode ser, mesmo que por um instante, mais interessante do que o mundo inteiro; é só essa intemperança que o levará a escolher uma vida em que possa tentar impor diariamente a sua supremacia sobre o universo.

E justamente nisso, em que o escritor só sabe se ocupar da sua imagem, é que fica claro o seguinte: escrever é a arte de viver compondo, corrigindo e grifando como gostaríamos de ser lembrados. É desenhar, aprovar e erguer a plataforma de nossa própria justificação.

Enquanto a maior parte de nós contenta-se em viver, o escritor toma as ferramentas da vida como insuficientes para explicar ao mundo quem ele realmente é. O arcabouço do dia a dia – levantar, trabalhar, esquecer, amar – lhe parece vaso insuficiente para saciar a sede da sua autoexpressão. Escritor é o cara que, considerando a vida escassa e acanhada para conter e manifestar a sua singularidade, passa a vida redigindo o seu próprio epitáfio.

É obsessão com a morte no sentido mais negativo e imaturo da coisa. Ou, dito no vocabulário de uma outra mitologia: a letra mata. Essa carga letal não impede, no entanto, que o autor gaste seus dias buscando na palavra um simulacro de vida. É na verdade essa quase-vida, esse paliativo do espírito, que o atrai na palavra escrita.

Já quem pisa o terreno da integridade e da suficiência não precisa, dizem-me, desses subterfúgios.

É portanto muito conveniente e muito elucidativo que a Bíblia tenha sido colocada por escrito, e que o Verbo encarnado – o Verbo encarnado, veja bem – não tenha jamais se inclinado sobre o papel. Em sua condição de texto, a Bíblia denuncia tacitamente a limitação de seus autores, bem como sua rejeição essencial de um mundo não definido pelas palavras e além das palavras contido.

O Filho do Homem, por outro lado, é um cara que existia e que tinha mais o que fazer. Os notáveis escrevem, mas o grandes limitam-se a viver, e nisso são indistinguíveis da gente comum.
* * *

Portanto, embora seja esperado que eu mesmo gaste tanto tempo escrevendo, é também paradoxal, porque só chegarão a me conhecer os que não lerem os meus livros – ou os que solenemente os ignorarem.

Talvez ninguém tenha me descrito e me ensinado melhor do que o atarefado Gabriel, que não deve ter ainda sete anos e decretou debaixo do sol de um verão na Toscana: sei vecchio, ciccio e non sai dire nulla: “você é velho, gorducho e não sabe dizer nada”. E disse isso sem afrouxar o abraço que estava me dando, e sem alterar em nada a consideração com que sempre me tratou.

Pequenos produtores criam associação dentro do Sistema Café do Cerrado

Expocaccer

Até algum tempo atrás os pequenos produtores, sobretudo da região do Cerrado, sentiam-se à margem de alguns benefícios oferecidos, e conseguidos, aos médios e grandes cafeicultores. Tendo geralmente o cultivo em sua propriedade nos moldes da agricultura familiar, esses produtores têm culturas diversificadas, produzindo assim um volume menor de cada produto.

Há pouco mais de dois anos a realidade desta classe de cafeicultores na região de Patrocínio vem mudando, com a criação do NUCOOPP – Núcleo Cooperativista dos Pequenos Produtores, esses recebem uma atenção direcionada em armazenagem, comercialização nos mercados físico e futuro, assistência técnica, acesso facilitado a crédito e insumos. Desta forma, com o apoio das três cooperativas do convênio, Expocaccer, COOPA e SICOOB COOPACREDI, os pequenos produtores perceberam que juntos é possível vencer as adversidades do mercado e que em conjunto, contando com o apoio das cooperativas, Federação dos Cafeicultores do Cerrado, SEBRAE e Secretaria Municipal de Agricultura, podem ir mais longe do que, individualmente, supunham.

A certificação
O grande passo que esses pequenos produtores almejam dar é rumo ao mercado externo. Buscando exportarem seu produto, esses cafeicultores identificaram a necessidade de possuírem um selo de certificação, assegurando ao mercado as boas práticas agrícolas e a qualidade de seu café, e neste contexto surgiu a busca pela certificação Fairtrade (Comércio Justo). Esta certificação representa uma iniciativa que une responsabilidade social, sustentabilidade e competitividade para pequenos e médios produtores. Trata-se de uma parceria entre produtores e consumidores para auxiliar os primeiros a ultrapassarem as dificuldades enfrentadas e com isso aumentar seu acesso ao mercado, promover seu desenvolvimento sustentável e garantir estabilidade financeira.

(...)

Esta certificação utiliza o mecanismo de grupos. Contudo, não havia dentro do Sistema Café do Cerrado um grupo específico de pequenos produtores formado para este fim e foi então que a ideia de criar uma associação própria para buscar a certificação Fairtrade se mostrou atraente e carregada de novas possibilidades para esta classe.

A associação
(...)
A principal característica da APPCER é que ela surgiu dentro do Sistema Café do Cerrado e com isso ela é considerada a sétima associação. Este fato é extremamente positivo e inovador, pois descarta a necessidade de que haja outras associações de pequenos produtores dentro dos 55 municípios do Sistema para buscarem o selo Fairtrade, a APPCER é válida para toda a região do Café do Cerrado. Sendo assim, serão criados núcleos nos municípios e estes núcleos serão coordenados pela APPCER. A Federação vê nesta nova associação uma forma eficaz de aproximação dos pequenos produtores, isto fecha a grande necessidade que a região tem de ter uma associação para esta classe.


O grande parceiro desta iniciativa é o SEBRAE, cujo analista do órgão, responsável pelos projetos do Café do Cerrado, Marcos Geraldo Alves, já vislumbra o sucesso do empreendimento. “O Café do Cerrado é uma das regiões que tem maior atuação do SEBRAE e este ano iniciamos o projeto Fairtrade Café do Cerrado, cujo objetivo central é preparar os pequenos produtores da região para inserção no mercado externo de maneira justa e diferenciada. Temos excelentes resultados em outras regiões de Minas e pelo trabalho realizado pelo consultor do SEBRAE na adequação dos produtores de nossa região, acredito que no Cerrado, mais uma vez, teremos excelentes resultados.”

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ACIP/CDL lutam por regulamentação da Lei Geral das Micro e Pequenas Empresas ainda em 2010

ACIP/CDL

A diretoria da ACIP/CDL está trabalhando para a regulamentação em Patrocínio da Lei Geral das Micro e Pequenas Empresas. A lei entrou em vigor em 2007, mas precisa ser regulamentada nos municípios. As entidades estão em negociação com a Prefeitura de Patrocínio e a Câmara Municipal para que a regulamentação aconteça ainda em 2010.

Os benefícios para os micro e pequenos empreendedores. A partir da regulamentação da Lei Geral, os órgãos públicos poderão dar preferência aos pequenos negócios em suas licitações. Está previsto que as licitações de até R$ 80 mil poderão ser feitas exclusivamente para micro e pequenas empresas. Acima disso, 25% ainda devem ser reservados às micro e pequenas empresas. Também será permitida a sua subcontratação por empresas de maior porte e a possibilidade de fornecimentos parciais de grandes lotes, quando empresas de pequeno porte terão preferência caso os preços sejam próximos aos das grandes.

O presidente da Associação Comercial e Industrial de Patrocínio avalia que os benefícios da Lei Geral são enormes e a ACIP/CDL vão lutar pela regulamentação nesse ano. “É uma lei de extrema importância para o micro e pequeno empreendedor do município por isso a ACIP/CDL estão levantando essa bandeira para que seja regulamentada ainda este ano em Patrocínio. Contamos para isso com as parcerias da Prefeitura e da Câmara Municipal”, diz Marco Wendell Duarte Frazão.

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Alunos do IESP recebem série de empreendedores para troca experiências

Faculdade Iesp

Os alunos do 4º período do curso de Administração da Faculdade IESP vão ter contato direto com empreendedores do Município. Uma série de palestras, com casos reais de empreendimentos regionais, serão proferidas por empresários da cidade ao longo de várias semanas, sempre uma vez por semana.

A primeira palestra aconteceu nessa quarta-feira, 03, com o Engenheiro Agrônomo Renato Maia proprietário do BioCoffee – Café Gourmet Orgânico. Renato apresentou aos alunos um produto que sai de Patrocínio e conquista o paladar de americanos e europeus, uma vez que, o BioCoffee é exportado.

Os alunos do IESP ouviram com atenção a “saga” do surgimento do produto, as dificuldades iniciais, os processos da certificação internacional e de construção da marca e, quanto a falta de um plano de negócios dificultou a jornada empreendida. Muitas perguntas foram feitas e os alunos mostraram-se realmente interessados na palestra.

Renato deixou várias lições para os alunos, uma delas é: “o que eu fiz foi aliar uma coisa que eu sabia fazer, sendo agrônomo, com uma demanda do mercado que ainda não estava suprida. Contei com a ajuda de muitos amigos das mais diversas áreas. Assim, apesar da dificuldade do início, o empreendimento tende a dar certo” – explicou ele.

Renato frisou ainda que após tantas dificuldades enfrentadas, decidiu fazer um curso de pós graduação em administração, fato esse que trouxe muito conhecimento para facilitar a vida de empresário empreendedor.

As palestras acontecem durante as aulas de empreendedorismo do professor David Fernando Ramos. “Os alunos veem as teorias em sala de aula, o que fizemos foi trazer quem entende os tramites da construção de um negócio para dentro da sala de aula. Cara a cara os alunos têm a chance de ouvir erros e acertos e aplicar os conhecimentos em seu dia-a-dia. Vale lembrar que nosso curso prioriza a postura empreendedora, tanto que o Trabalho de Conclusão de Curso trabalha o ultimo ano com a profunda construção de um Plano de Negócios, ou seja, munir o aluno de tecnologia aplicada para decidir e avançar na abertura de novos empreendimentos, alinhados com o desenvolvimento rápido e sustentável com que acena a economia de Patrocínio”- finalizou Ramos.

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Prêmios Procultura para as expressões culturais populares

Lançado Prêmio ProCultura de Estímulo ao Circo, Dança e Teatro 2010

Foi publicado nesta segunda-feira, dia 25/10, no Diário Oficial da União, o edital do Prêmio ProCultura de Estímulo ao Circo, Dança e Teatro. O objetivo é aprimorar , desenvolver e consolidar as linguagens de Circo, Dança e Teatro, a partir da ampliação de sua capacidade de produção, difusão, circulação e estruturação.

Realizado pela Secretaria de Fomento e Incentivo à Cultura do Ministério da Cultura e pela Fundação Nacional de Artes, o Prêmio conta com um investimento total de R$ 22,2 milhões e é voltado para pessoas físicas e jurídicas, com ou sem fins lucrativos. Serão contempladas 197 iniciativas que viabilizem atividades das três áreas nas categorias Produção Artística, Programação de Espaços Cênicos e Substituição de Lona Circense e/ou Acessórios.

Categoria A: Produção Artística – serão premiados 82 projetos de produção artística que promovam a diversidade temática e estética, bem como ações de formação de plateia.

Investimento: R$ 10,8 milhões

Categoria B: Programação de Espaços Cênicos – serão contempladas 47 instituições que administrem espaços cênicos, em atividade ou que necessitem de revitalização, ou de espaços públicos abertos que se caracterizam como sedes públicas.

Investimento: R$ 8,6 milhões

Categoria C: Substituição de Lona Circense e/ou Acessórios – serão selecionados 68 projetos circenses, destinados a circos de lona, itinerantes ou fixos, escolas de circo que, embora sem condições estruturais ideais, mantenham suas atividades.

Investimento: R$2,5 milhões

Os projetos serão avaliados e selecionados por três comissões, uma para cada categoria. As inscrições podem ser feitas até 10/12/2010.

Investimento total: R$ 22,2 milhões para premiação de 197 projetos em três categorias.

As inscrições devem ser feitas pelo Salic Web, até 10/12/2010


PRÊMIO PROCULTURA PARA AQUISIÇÃO DE LONAS E EQUIPAMENTOS CIRCENSES

O objetivo principal do prêmio Procultura para aquisição de lonas e equipamentos circenses é a viabilização da criação e da itinerância do circo por meio da aquisição de lonas, acessórios e instrumentos necessários para a cena e para a aprendizagem.

O prêmio beneficiará circos itinerantes e fixos, bem como escolas e projetos que utilizem a linguagem circense como instrumento pedagógico para a transformação social e a construção da cidadania. O valor do edital será de R$ 2,5 milhões e premiará 68 candidatos que precisem trocar e/ou adquirir lona e acessórios circenses.

Prêmio ProCultura de Fomento à Produção de Documentários Etnográficos

O prêmio Procultura de Fomento à Produção de Documentários Etnográficos tem como objetivo fomentar projetos voltados para a pesquisa, identificação, valorização e reconhecimento do patrimônio material e imaterial.

A ação é promovida pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) e busca incentivar a produção de documentários etnográficos sobre patrimônio cultural imaterial e as iniciativas voltadas para a melhoria das condições de transmissão, produção e reprodução dos bens que compõem esse universo. Para este programa o orçamento total previsto é de R$ 2,5 milhões e premiará 19 participantes.

Prêmio ProCultura Viva meu Mestre

O prêmio Procultura Viva Meu Mestre tem como objetivo reconhecer e fortalecer a tradição cultural da Capoeira no Brasil.

A ação é promovida pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) por meio de concurso público e premiará Mestres, Mestras e professores de Capoeira, com idade igual ou superior a 60 (sessenta) anos, cuja trajetória de vida tenha contribuído de maneira fundamental para a transmissão e continuidade da Capoeira no país. Para este programa o valor edital ajustado será de R$ 2,1 milhões e premiará150 participantes.

Palestra sobre Impactos da Vale em Patrocínio

ACIP/CDL

A ACIP/CDL já tem agendada para o mês de novembro uma palestra com o Secretário Municipal de Desenvolvimento Econômico Sustentável e Turismo de Patrocínio, Thiago Miranda, com o tema “Impactos Econômicos da Implantação da Vale Fertilizantes em Patrocínio - Projeto Salitre”.

[Agenda]
Evento:
Palestra sobre a Vale em Patrocínio
Dia: 10/11/2010
Hora: 19h30
Local: Auditorio da ACIP/CDL
Obs.: É necessário a confirmação da presença pelo telefone: 3831-5500

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segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Leis do Futebol para um resultado eleitoral

Por Elio Gaspari

Hoje à noite será conhecido o próximo presidente da República. Desde 1989 não se via uma campanha terminar de forma tão divisiva e oca. O estudo do mapa eleitoral permitirá que se chegue a explicações políticas e sociais para o resultado. De todas, a de alta toxicidade e baixa honestidade será aquela que atribuirá a derrota ao marqueteiro.

Nenhuma explicação superará a mais elementar constatação: o povo foi chamado, cada cidadão teve direito a um voto, eles foram contados, e foi eleito quem teve mais preferências.


A pobreza da campanha durante o segundo turno criou terreno fértil para uma perigosa radicalização.


De um lado e de outro surgiram vozes, ainda tímidas, discutindo a legitimidade do mandato. Em alguns casos, vocalizam um paradoxo: o
resultado de hoje pode colocar em risco a democracia brasileira. Fica difícil entender como uma eleição pode ameaçar a democracia.

Esse tipo de raciocínio embute, necessariamente, a desqualificação do voto do outro. Parte do pressuposto segundo o qual os votos dados a uma candidatura valem mais (ou menos) do que aqueles dados a outra. É o mais antidemocrático dos argumentos: meu voto é melhor que o dele.


Essa prática prosperou no século passado e custou ao Brasil 36 anos de ditaduras durante as quais o povo não escolheu presidente algum.


Agora mesmo, nos Estados Unidos, há milhões de americanos convencidos de que o companheiro Obama pode ser considerado um socialista (55%), nasceu no Quênia, ou na Indonésia (24%), e é muçulmano (20%). Quem pensa assim nesta semana deverá votar contra seus candidatos, mas ninguém milita na contestação da legitimidade do seu mandato.


Dois filósofos do
futebol podem socorrer tanto aqueles que se julgarem vencedores como os que se sentirem derrotados.

Aos vencedores: O melhor time sempre ganha. O resto é fofoca. (Do técnico escocês Jimmy Sirrel.) Aos perdedores: O melhor time pode perder. O resto é fofoca, boa fofoca. (Do professor norueguês Steffen Borge, da Universidade de Tromso, comentando a teoria de Sirrel.)

terça-feira, 26 de outubro de 2010

Antes que acabe essa campanha...

...sim, meus caros, a campanha. Porque política não acaba nunca!

Direita x Esquerda

Antônio Prata

Depois que o muro de Berlim foi partido em cubinhos e vendido como souvenir, Che Guevara passou a usar o chapéu do Mickey Mouse e a Colgate uniu o mundo num único e branco sorriso, muita gente pensou que esquerda e direita tinham ficado para trás. Dizia-se que, dali em diante, os termos só seriam usados para indicar o caminho no trânsito e diferenciar os laterais no futebol. Afinal de contas, estávamos no fim da história e, como sabíamos desde criancinhas, todos viveriam felizes para sempre.

Mas o mundo gira, gira e – eis aí um grande problema de rodar em torno do próprio eixo – voltamos para o mesmo lugar. Se a história se repete como farsa ou como história mesmo, não faço a menor idéia, mas ouso dizer, parafraseando Nelson Rodrigues (que já foi de direita, mas o tempo e Ruy Castro liberaram para a esquerda), que hoje em dia não se chupa um Chicabom sem optar-se por um dos blocos.

Ah, como fomos tolos! Acreditar que aquela dicotomia ontológica resumia-se à discussão sobre quanto o Estado deveria intervir no mercado (ou quanto o Mercado deveria ser regulado pelo estado, o que vem a ser a mesma coisa, de maneira completamente diferente) é mais ou menos como pensar que a diferença entre homens e mulheres restringe-se ao cromossomo Y. Ou ao comprimento do cabelo.

Estado e Mercado são apenas a ponta de um iceberg, ou melhor, dois icebergs sociais, culturais, gastronômicos, gramaticais, musicais, lúdicos, léxicos, religiosos, higiênicos, esportivos, patafísicos, agronômicos, sexuais, penais, eletro-eletrônicos, existenciais, metafísicos, dietéticos, lógicos, astrológicos, pundonôricos, astronômicos, cosmogônicos — e paremos por aqui, porque a lista poderia levar o dia todo.

Justamente agora, quando esquerda e direita, pelo menos em suas ações, pareciam não divergir mais sobre as relações entre Estado e Mercado (ponhamos assim, os dois com maiúsculas, para não nos acusarem de nenhuma parcialidade), a discussão ressurge lá do mar profundo, com toda a força, como o tubarão de Spielberg.

Para que o pasmo leitor que, como eu, dá um boi para não entrar numa discussão, mas uma boiada para não sair, não termine seus dias sem uma única rês, resolvi enumerar algumas diferenças entre essas, digamos, maneiras de estar no mundo. Dessa forma saberemos, ao comentar numa mesa de bar, na casa da sogra ou na padaria da esquina, “dizem que o filme é chato” ou “como canta bem esse canário belga”, se estamos ou não pisando inadvertidamente numa dessas minas ideológicas, mandando os ânimos pelos ares e causando inestancáveis verborragias.

A lista é curta e provisória. Outras notas vão entrar, mas a base, por ora, é essa aí. Se a publico agora é por querer evitar, mesmo que parcialmente, que mais horas sejam ceifadas, no auge de suas juventudes, nas trincheiras da mútua incompreensão. Vamos lá.

* * *
A esquerda acha que o homem é bom, mas vai mal – e tende a piorar. A direita acredita que o homem é mau, mas vai bem – e tende a melhorar.
A esquerda acusa a direita de fazer as coisas sem refletir. A direita acusa a esquerda de discutir, discutir, marcar para discutir mais amanhã, ou discutir se vai discutir mais amanhã e não fazer nada. (Piada de direita: camelo é um cavalo criado por um comitê).

Temos trânsito na cidade. O que faz a direita? Chama engenheiros e constrói mais pontes. Resolve agora? Sim, diz a direita. Mas só piora o problema, depois, diz a esquerda. A direita não está preocupada com o depois: depois é de esquerda, agora é de direita.
Temos trânsito na cidade. O que faz a esquerda? Chama urbanistas para repensar a relação do transporte com a cidade. Quer dizer então que a Marginal vai continuar parada ano que vem?, cutuca a direita. Sim, diz a esquerda, mas outra cidade é possível mais pra frente. A direita ri. “Outra” é de esquerda. “Isso” é de direita.

Direita e esquerda são uma maneira de encarar a vida e, portanto, a morte. Diante do envelhecimento, os dois lados se dividem exatamente como no urbanismo. Faça plásticas (pontes), diz a direita. Faça análise, (discuta o problema de fundo) diz a esquerda. (“filosofar é aprender a morrer”, Cícero). Você tem que se sentir bem com o corpo que tem, diz a esquerda. Sim, é exatamente por isso que eu faço plásticas, rebate a direita. Neurótica! — grita a esquerda. Ressentida! — grita a direita.

A direita vai à academia, porque é pragmática e quer a bunda dura. A esquerda vai à yoga, porque o processo é tão ou mais importante que o resultado. (Processo é de esquerda, resultado, de direita).

Um estudo de direita talvez prove que as pessoas de direita, preocupadas com a bunda, fazem mais exercícios físicos do que as de esquerda e, por isso, acabam sendo mais saudáveis, o que é quase como uma aplicação esportiva do muito citado mote de Mendeville, de que os vícios privados geram benefícios públicos — se encararmos vício privado como o enrijecimento da bunda (bunda é de direita) e benefício público como a melhora de todo o sistema cardio-vascular. (Sistema cardio-vascular é de esquerda).
Um estudo de esquerda talvez prove que o povo de esquerda, mais preocupado com o processo do que com os resultados, acaba com a bunda mais dura, pois o processo holístico da yoga (processo, holístico e yoga são de extrema esquerda) acaba beneficiando os glúteos mais do que a musculação. (Yoga já é de direita, diz alguém que lê o texto sobre meus ombros, provando que o provérbio correto é “pau que nasce torno, sempre se endireita”).

Dieta da proteína: direita. Dieta por pontos: esquerda. Operação de estômago: fascismo. Macrobiótica: stalinismo. Vegetarianismo: loucura. (Foucault escreveria alguma coisa bem interessante sobre os Vigilantes do Peso).

Evidente que, dependendo da época, as coisas mudam de lugar. Maio de 68: professores universitários eram de direita e mídia de esquerda. (“O mundo só será um lugar justo quando o último sociólogo for enforcado com as tripas do último padre”, escreveram num muro de Paris). Hoje a universidade é de esquerda e a mídia, de direita.

As coisas também mudam, dependendo da perspectiva: ao lado de um suco de laranja, Guaraná é de direita. Ao lado de uma Coca-Cola, Guaraná é de esquerda. Da mesma forma, ao lado de um suco de graviola, pitanga ou umbu (extrema-esquerda), o de laranja vira um generalzinho. (Anauê juice fruit: 100% integralista).

Leão, urso, lobo: direita. Pinguim, grilo, avestruz: esquerda. Formiga: fascismo. Abelha: stalinismo. Cachorro: social democrata. Gato: anarquista. Rosa: direita. Maria sem-vergonha: esquerda. Grama: nacional socialismo. Piscina: direita. Cachoeira: esquerda. (Quanto ao mar, tenho minhas dúvidas, embora seja claro que o Atlântico e o Pacífico estejam, politicamente, dos lados opostos aos que se encontram no mapa). Lápis: esquerda. Caneta: direita. Axilas, cotovelo, calcanhar: esquerda. Bíceps, abdomem, panturrilha: direita. Nariz: esquerda. Olhos: direita. (Olfato é sensação, animal, memória. Visão é objetividade, praticidade, razão).

Liquidificador é de direita. (Maquiavel: dividir para dominar). Batedeira é de esquerda. (Gilberto Freyre: o apogeu da mistura, do contato, quase que a massagem dos ingredientes). Mixer é um caudilho de direita. Espremedor de alho é um caudilho de esquerda. Colher de pau, esquerda. Teflon, direita. Mostarda é de esquerda, catchupe é de direita — e pela maionese nenhum dos lados quer se responsabilizar. Mal passado é de esquerda, bem passado é de direita. Contra-filé é de esquerda, filé mignon é de direita. Peito é de direita, coxa é de esquerda. Arroz é de direita, feijão é de esquerda. Tupperware, extrema direita. Cumbuca, extrema esquerda. Congelar é de direita, salgar é de esquerda. No churrasco, sal grosso é de esquerda, sal moura é de direita e jogar cerveja na picanha é crime inafiançável.

Graal é de direita, Fazendinha é de esquerda. Cheetos é de direita, Baconzeetos é de esquerda e Doritos é tucano. Ploc e Ping-Pong são de esquerda, Bubaloo é de direita.
No sexo: broxada é de esquerda. Ejaculação precoce é de direita. Cunilingus: esquerda. Fellatio: direita. A mulher de quatro: direita. Mulher por cima: esquerda. Homem é de direita, mulher é de esquerda. (mas talvez essa seja a visão de uma mulher — de esquerda).

Vogais são de esquerda, consoantes, de direita. Se A, E e O estiverem tomando uma cerveja e X, K e Y chegarem no bar, pode até sair briga. Apóstrofe ésse anda sempre com Friedman, Fukuyama e Freakonomics embaixo do braço. (A trema e a crase acham todo esse debate uma pobreza e são a favor do restabelecimento da monarquia).
“Eu gostava mais no começo” é de esquerda. “Não vejo a hora de sair o próximo” é de direita.

Dia é de direita, noite é de esquerda. Sol é de direita, lua é de esquerda. Planície é de direita, montanha é de esquerda. Terra é de direita, água é de esquerda. Círculo é de esquerda, quadrado é de direita. “É genético” é de direita. “É comportamental” é de esquerda. Aproveita é de esquerda. Joga fora e compra outro, de direita. Onda é de direita, partícula é de esquerda. Molécula é de esquerda, átomo é de direita. Elétron é de esquerda, próton é de direita e a assessoria do neutron informou que ele prefere ausentar-se da discussão.

To be continued (para os de direita)
Under construction (para os de esquerda)

sábado, 23 de outubro de 2010

"Não verás nenhum país como este"

Por Mônica Nunes

No horário eleitoral gratuito ou nos debates, ainda não ouvi um candidato neste segundo turno, fazer referencia especial ao que é o saneamento básico. Nem a candidata Dilma e nem o candidato José Serra aprofundaram em tal assunto.

Alguns podem dizer : “ - Mas, isso não me interessa, tenho água tratada, piscina em casa, rede de esgoto moderna, saúde em dia, purificador. Isso cabe ao Município!"

É justamente essa divisão entre quem tem acesso e quem não tem acesso que faz o Brasil ocupar a 70ª posição no ranking internacional de desenvolvimento humano. Não adianta considerarmos os emergentes no cenário econômico, os proprietários do pré-sal e da selva Amazônica, o país que mais gerou empregos formais ,que implantou programas de distribuição de renda ,se é real a situação onde inúmeros municípios não só tem a falta de água como a falta do tratamento da água e rede de esgoto .Não adianta petistas “apaixonados”defender a ideia que o PT salvou o Brasil e tem que continuar. Não adianta tucanos vaidosos alegarem que Serra vai administrar o Brasil como fez em São Paulo.

A divisão entre quem tem acesso e quem não tem acesso,continua levando milhares de brasileiros ,principalmente as crianças a sofrerem doenças gastrointestinais, alergias, estado de desnutrição e morte. O numero é alto: 28 mil brasileiros morrem por ano em consequência de doenças relacionadas a falta de saneamento básico. Quando fui entrevistada pelo recenseador do IBGE para o Censo 2010 ouvi a pergunta:

“ - Sua casa tem fossa?

Respondi: “- Fossa? Isso é coisa do passado. Moro no centro da cidade”

Veio a reposta:

“_Não é coisa do passado não, aqui no Município de Patrocínio ainda existe Como também é expressivo o número de adultos analfabetos. Estes dois dados me surpreenderam" respondeu o recenseador.

“- Esse é o Brasil dentro de outro Brasil", respondi.

Quem nunca visitou um lugarejo onde havia antena parabólica, acesso a internet, sinal para celular, coca-cola à vontade, lanhouse e não havia nem água tratada e nem rede de esgoto?

Quando o Município precisa investir o lado financeiro na maioria das vezes não vem do Governo Federal e sim, da própria arrecadação municipal. .Como este setor necessita de um alto valor, a situação vai sendo levada e não solucionada. O que a população não vê não recebe o crédito, nem causa efeito eleitoreiro. Diferente do setor da informática, construção civil, empréstimos bancários, telefonia móvel, unidade de saúde. O que significa não somente necessidade de proporcionar saneamento básico, mas o direito a essa condição de todo ser humano. Neste contraste de Brasil fico na esperança de ouvir um candidato à presidência fazer uma análise dessa situação, a implantação de ações em conjunto em todos os Estados. Cobrar tarifas parece ser o único caminho, mas investimento? Cadê o investimento?

Quando desce a água do céu, a TV mostra e divulga: “o esgoto percorre os barracos, os roedores invadem, o mau cheio é terrível!”Aí levam os moradores para outros lugares até a água baixar e tudo fica como está até a próxima estação de chuva e outros voltarem para o mesmo lugar, na mesma falta de condição.

A questão não é resolver só num Município, mas no Brasil todo. A questão envolve meio ambiente, coleta de lixo e tratamento, preservação. Estava conversando com duas pessoas entendidas em questões ambientais. Conversa vai e conversa vem, a pergunta foi direta:

“- Por que sua cidade tem poucas árvores? Vocês não procuram os vereadores, secretário, o prefeito para ações que visem esse falta de verde?

E mais:

“- Como é feito o trabalho de manutenção das nascentes? A questão do meio ambiente existe ou não existe? Vocês acham que aqui tem qualidade de vida? Vocês precisam cobrar mais dos políticos. Já já a mineração começa. O dinheiro arrecado, pode ser algo significativo, mas não vai deixar de ser algo que precisa de ações de preservação ambiental."

Repasso essas perguntas para você leitor e aos homens públicos. Quando comecei este texto questionava por que nem o candidato José Serra e nem a candidata Dilma assumem a questão do saneamento básico? Mas diante dessa pergunta me vem o ensinamento de Olavo Bilac: “Não verás nenhum país como este!”.

Expocaccer agora está nas redes sociais


Aderindo às novas mídias e ao crescente mercado da internet, as notícias da Expocaccer agora podem ser encontradas no Facebook, página de relacionamento com notícias e álbum de fotos, e também no Twitter, também uma página de relacionamentos, porém com notícias curtas, focando mais nas notícias de mercado.

Facebok: http://www.facebook.com/profile.php?id=100001731890464#!/profile.php?id=100001731890464&v=wall

Twitter Expocaccer: http://twitter.com/Expocaccer

Contagem regressiva para a ‘Noite Italiana’

A contagem regressiva para um dos mais aguardados eventos do ano em Patrocínio está quase chegando ao fim. Acontece no sábado, 30 de outubro, a Noite Italiana, quando são aguardadas centenas de pessoas para curtirem um evento especial e ainda darem sua parcela de contribuição a quem precisa.

É que toda a renda será revertida para a compra de brinquedos que serão distribuídos para crianças na Chegada do Papai Noel a Patrocínio, no dia 11 de dezembro. A realização é da ACIP/CDL Jovem, com apoio do Conselho da Mulher Empreendedora e ACIP/CDL Master.

O evento começa às 20h no Rotary Club Brumado dos Pavões. Haverá comida e bebida típica italiana, além de música ao vivo italiana e também sertaneja, com Jeferson e Rafael. “Em nome da diretoria da ACIP/CDL Jovem convidamos toda a população patrocinense para conseguirmos o máximo de recursos para quem mais precisa”, comenta Willson Botelho, responsável social da ACIP/CDL Jovem.

Ele lembra que outro destaque será a decoração típica da Itália. “Estamos empenhados em fazer um evento de muita qualidade e diferenciado em Patrocínio”.

A mesa pode ser adquirida antecipadamente por R$ 100 (para quatro lugares) com os integrantes da ACIP/CDL Jovem ou pelo 3831-5500.

São parceiros da Noite Italiana a Coopa Jovem, Lions Lililia Brandão, Rotary Brumado e mais de 20 empresas preocupadas com a responsabilidade social em Patrocínio.

[Agenda]
Evento: Noite Italiana
Data: 30 de outubro (sábado)
Horário: 20 horas
Local: Rotary Brumado
Reservas de Mesas: 3831-5500
Realização: ACIP/CDL Jovem com apoio do Conselho da Mulher Empreendedora e ACIP/CDL Master

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Do que (ou de quem) você tem medo

Alguns trechos de "A Pastoral do Medo", de Paulo Brabo, sobre manipulação, dominação, a participação da igreja e, como consequencia mais imediata e mais importante, as escolhas que fazemos...

Se o assunto não te dá medo, pode ser que você queira ir direto à fonte para ler o texto na íntegra.

"Há um bom motivo pelo qual o alarmismo é contagioso e irresistível, e se espalha como a peste pelas veias da internet; há um motivo pelo qual os pregadores invariavelmente demonizam seus adversários, e afirmam haver gigantes insaciáveis onde ficará demonstrado haver moinhos de vento: semear o medo torna as pessoas vulneráveis, e gente vulnerável pode ser manipulada.

O medo só é capaz de dominar quem tem alguma coisa a perder; quem não tem nada a perder não tem a nada temer. Esta é uma equação delicada, especialmente num país como o Brasil, em que a distribuição de renda está entre as dez mais desiguais do mundo (e é um mundo grande): há sempre o risco de que os que não tem nada a perder se levantem contra os que tem tudo a perder.

Em todo o mundo, mas especialmente num país com a nossa história, a classe média ocupa mais ou menos o espaço que ocupava a nobreza nos tempos medievais e coloniais. E, como sabemos o que aconteceu à nobreza em insurreições como a Revolução Francesa, a classe média adentrou a era moderna imbuída de um medo que lhe é absolutamente característico e essencial: o medo da perturbação social.

A classe média sabe desejar o progresso e é capaz de assimilar a mudança, porém (exatamente como a nobreza antes dela) tem absoluto horror à desordem. Seu mundo de shopping centers, de ambientes de ar condicionado e de seguranças na porta (a fim de manter os incompatíveis à distância) deve ser resguardado a todo custo. Passeatas, quebra-quebras, invasões de sem-terra, ladrões que levam o iPad e revoluções de gente faminta devem pertencer ao domínio ilustrativo dos filmes de zumbi. Na verdade, já o constrangimento de ser abordado por uma criança de rua na esquina deve ser aplacado pelo uso preventivo de carros blindados e vidros escuros.

A estabilidade social, entendida como a manutenção de um estado de coisas em que uma minoria administre e se beneficie de recursos que são de todos, é o valor por excelência da classe média. Não há outra verdade eterna que ela esteja disposta a defender.

O medo da perturbação social, no entanto, é genérico demais e precisa encontrar ícones que os encarnem de modo satisfatório. É preciso pulverizar o nosso medo essencial atribuindo-o a culpados e demônios.

E, se quisesse manipular nos nossos dias uma burguesia absolutamente aterrorizada diante da possibilidade de perturbações sociais, que alvos você elegeria? Deixe-me ajudá-lo: elejamos os homossexuais, os que defendem o aborto, os sem-terra, os comunistas.
1

Cada uma dessas categorias representa, à sua maneira, uma formidável possibilidade de perturbação social; cada uma, à sua maneira, materializa uma ameaça à tranquilidade O que a classe média teme são perturbações sociais. sanitizada do indefectível universo burguês, em que nada é sujo, nada é feio, nada é controverso e nada é constrangedor.

E que ameaça maior do que um mundo em que a união civil entre homossexuais denuncie diariamente o caráter relativo e historicamente determinado de soluções de convívio que a sociedade toma por normativas? O que parecerá mais perturbador do que um mundo em que gente do sexo masculino ouse definir a sua relação mútua pela afetividade e não pela agressividade e pela competição? Um mundo em que mulheres ousem prescindir do homem para encontrar a sua satisfação sexual e emocional?

Do mesmo modo, será preciso avaliar a ameaça de um mundo em que o aborto exista sequer como possibilidade. Porque este mundo irá postular como legítimo que a mulher exerça controle sobre seu próprio corpo e sobre seu próprio prazer, e esses domínios pertencem por tradição ao âmbito do seu homem.

E que dizer dos sem-terra e dos comunistas, que blasfemam do próprio capitalismo e querem virar o mundo do avesso, ignorando os privilégios milenares da propriedade, da classe social e do lucro, e isso em favor de uma ameaça tão declarada quanto a “igualdade social”? O que pode ser mais inaceitável do que esse ataque direto à estabilidade – à própria existência – do mundo entrincheirado da burguesia?2

Se é para preservar o presente mundo das perturbações sociais, será necessário negar qualquer igualdade de direitos civis aos homossexuais, chamando sua demanda de ditadura gay; será preciso abominar o aborto acenando com a bandeira pró-vida, ao mesmo tempo em que escondemos atrás dela os recursos que financiam a morte nas guerras e o horror das crianças vivas que passam fome patrocinada pelo capitalismo; será preciso rejeitar qualquer iniciativa que altere desfavoravelmente (para nós) a distância de segurança entre as castas, tachando-as de paternalismo, assistencialismo, compra de votos e introdução gradual da doutrina comunista.3

O problema de uma comunidade dominada pelo medo é que ela pode ser manipulada a ceder a gravíssimas injustiças em nome da preservação de sua tranquilidade idealizada. Dessa forma a Alemanha abraçou de bom grado o discurso nazista, por medo das perturbações sociais encarnadas na ameaça do comunismo e numa suposta dominação judaica mundial. Dessa forma a Itália dobrou-se servilmente ao fascismo e o Brasil à ditadura militar, porque esses autoritarismos berravam ameaças de uma impensável sublevação e de uma horrendo nivelamento societário. E, como era de se esperar, esses movimentos de terror contaram com o apoio aberto – e, em alguns casos, o constrangido silêncio – da igreja.

Em que somos menos manipuláveis do que a Alemanha nazista, se tememos as mesmas coisas? Os nazistas temiam que os judeus imprimissem no mundo seus valores, sua supremacia e sua estética, e nós tememos que os homossexuais implantem nele a sua agenda; os nazistas temiam que os comunistas aplainassem as classes ao ponto de uma completa descaracterização nacional, e nós tememos a mesma coisa. Somos nós a cidade sitiada, e o que nos conforta são os gritos do clero explicando o que devemos temer – e assim o que devemos odiar.

Quando adotamos o discurso do medo, portanto, estamos tentando imprimir sobre a proposta impoluta e subversiva do reino marcas que são incompatíveis com a sua essência e com a sua herança. Porque o Novo Testamento não deixa espaço para dúvida: igreja não é quem teme a perturbação social, mas quem a provoca. Igreja não é quem promove o medo, mas quem o aplaca e o anula pela inclusão e pelo amor. “O amor lança fora todo o medo”, ousou proclamar a provisão imprudente do Espírito.

E nós, o que fazemos? Enquanto a igreja exemplar do livro de Atos aprendia, passo a passo, a incluir o diferente e o tido previamente como inaceitável (a mulher, o aleijado, o eunuco, o gentio), nós demonizamos como inaceitável o homossexual. Enquanto a igreja exemplar do livro de Atos adotava todo o tipo de medidas distributivas e postulava um reino definido pela equidade, nós condenamos como comunismo e como Satanás a mínima provisão que vise apenas desbastar os abismos da distribuição de renda.

E nisso, que fique muito claro, vamos escolhendo aqueles medos que nos mantenham a salvo da nossa vocação."

NOTAS

1. Na Europa e nos Estados Unidos seria necessário incluir nesta lista os muçulmanos e os imigrantes.

2. Uma sociedade justa é uma em que, por definição, não existe mão de obra barata. Conversei esta semana com um empresário que estava estarrecido diante da sua dificuldade de encontrar gente disposta a trabalhar na base da pirâmide pelo salário que ele costumava oferecer. Diante de seguranças de fundo como salário desemprego e bolsa-família, os desqualificados do sistema estão pensando duas vezes antes de se submeter a uma posição desumanizante e pouco promissora. Esse empresário sentia-se pressionado a ou aumentar os seus salários ou diminuir os seus lucros, e ambas as soluções o apavoravam, porque emblemavam e estavam fundamentadas numa perturbação social. Seu mundo de enriquecimento rápido baseado na submissão voluntária dos mais fracos estava sendo ameaçado, e seu patrimônio corre o risco de não dobrar nós próximos anos. Nada o deixava mais desconcertado e temeroso.

3. Pode ser necessário lembrar que o anarquista que existe em mim recusa-se a reconhecer a legitimidade de soluções legislativas ou políticas para quaisquer dessas questões. Na verdade rejeito a supremacia de qualquer solução política. O que reconheço é que o movimento colocado em movimento por Jesus e por suas testemunhas (movimento que aclamava contra o senhorio de César um rei primeiro descalço, depois invisível, e maquinava a implantação nesta terra de um reino que não é deste mundo) pressupõe e instaura o fim de todos os governos.

terça-feira, 12 de outubro de 2010

domingo, 3 de outubro de 2010

1o Festival ao som do gunga - 4 a 7/11

De 04 à 07 de novembro de 2010; workshop , batizados, apresentações, rodas, muito dendê e muito axé Presenças: Mestre Suassuna, Mestre Sarará, Mestre Ponciano, Contramestre Esquilo, Contramestre Fuinha e muito mais...
Contatos: (34) 8803-0860

4/11 às 18h
Entrega de Cordões Cras de Cruzeiro da Fortaleza
Poliesportivo Pedro Roque

05/11
às 17h
Entrega de Cordões Colégio Atenas
Colégio Atenas

às 19h
Entrega de Cordões Sistema Polis de Ensino
Salão do Parque de Exposições de Guimarânia

às 20h30
Roda na Praça Santa Luzia

06/11
às 9h
Entrega de Cordões Colégio Monteiro Lobato
Poliesportivo do Catiguá

às 13h
Entrega de Cordões Escola Infantil Balão Mágico, Catiguá Tênis Clube, Creche Pedro Bernardes Dias, Cras Geraldo Tuniquinho, Programa Arte Cidadã
Poliesportivo do Catiguá

às 15h30
Entrega de Cordões Capoeira Especial, Programa Arte Cidadã
Poliesportivo do Catiguá


às 19h
Aula com Mestre Suassuna
Chácara Berlaar - Chácara das Irmãs

711 às 8h
Aula com Mestre Ponciano, Contramestre Esquilo e Contramestre Fuinha
Chácara Berlaar - Chácaras das Irmãs

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Em tempo... outra de outros tempos (?)

Outro velho, aliás, velho demais e ainda atual... demais:

"Não há nada de errado com aqueles que não gostam de política, simplesmente serão governados por aqueles gostam."

Platão

O Analfabeto Político

O texto é velho... mas a ideia é muito atual:

O Analfabeto Político
Bertold Brecht

O pior analfabeto é o analfabeto político. Ele não ouve, não fala, nem participa dos acontecimentos políticos. Ele não sabe o custo de vida, o preço do feijão, do peixe, da farinha, do aluguel, do sapato e do remédio dependem das decisões políticas.

O analfabeto político é tão burro que se orgulha e estufa o peito dizendo que odeia a política. Não sabe o imbecil que, da sua ignorância política, nasce a prostituta, o menor abandonado,
e o pior de todos os bandidos, que é o político vigarista, pilantra, corrupto e lacaio das empresas nacionais e multinacionais.

quinta-feira, 30 de setembro de 2010

IAF Faz Doações para Grupos de Base o Ano Todo

Fundação Interamericana

A Fundação Interamericana é um organismo independente de ajuda externa do Governo dos Estados Unidos que financia os esforços de auto-ajuda de grupos de base (da América Latina e do Caribe) para melhorar as condições de vida dos desfavorecidos e excluídos, melhorar sua capacidade decisória e de auto-gestão, baseado na participação e na iniciativa comunitária.

A IAF não identifica problemas ou sugere projetos; ela responde a iniciativas apresentadas, sendo que os projetos são selecionados por seu mérito e não por setor. As propostas podem ser apresentadas durante todo o ano e serão revistas à medida que forem recebidas.

Clique aqui para saber mais.

Projetos direcionados à pessoas cegas recebem apoio permantente

Fundação ONCE

A Fundação Once para a Solidariedade com Pessoas Cegas da América Latina recebe em caráter permanente solicitações de apoio financeiro, tecnológico, material e humano de ONGs e projetos brasileiros voltados a formação acadêmica, capacitação de adultos no âmbito trabalhista e iniciativas que fortaleçam o movimento associativo das pessoas cegas ou deficientes visuais. A natureza dos recursos destinados a esses apoios ou ajudas poderá ser de tipo econômico, humano, tecnológico e/ou material.

Clique aqui para saber mais.

Inscrição de projetos desportivos e paradesportivos até 26/10

Oi Futuro

A Oi, através do Oi Futuro, lança pela primeira vez um edital nacional para seleção de projetos desportivos e paradesportivos. Após 3 anos de bons resultados em apoios a iniciativas sócio esportivas, foi construído o Programa Oi de Patrocínio Esportivo Incentivado.

A responsabilidade é grande e o êxito, compensador. Afinal, o Programa tem abrangência nacional. Da vizinhança das metrópoles aos pontos mais longínquos do Brasil.

O processo de seleção tem como objetivo selecionar um número não pré-definido de projetos de esportes e esportes paraolímpicos, incluindo eventos e intervenções relacionadas à implantação/reforma de infra-estrutura esportiva de pelo menos uma das três manifestações esportivas (participação, educacional e rendimento), que contribuam para a promoção da educação, a preservação do meio ambiente, a integração das pessoas e comunidades e que se enquadrem nas condições e exigências do edital.

As inscrições vão até 26 de outubro. Clique aqui para acessar o edital.

Apoio para Movimentos Populares

A CESE (Coordenadoria Ecumênica de Serviços) apoia com recursos financeiros, pequenos projetos de organizações e movimentos populares espalhados por todo o Brasil, que defendem os direitos humanos e lutam por um país mais justo e igualitário. Para tanto, anualmente a CESE aprova de 350 a 400 projetos, de um total de quase 1.000 propostas recebidas e analisadas pela sua equipe de assessores.

Para facilitar a solicitação de apoio dos grupos, disponibilizamos a seguir informações sobre quem pode receber o apoio da CESE, um Roteiro com orientações para a elaboração dos projetos a serem encaminhados, critérios de seleção e uma lista de perguntas e respostas mais frequentes. Vejam a seguir:


A CESE APOIA PROJETOS NAS ÁREAS DE:

• Desenvolvimento Institucional - iniciativas que visem organizar, fortalecer e articular as organizações populares e sociais enquanto agentes de transformação social.

• Direitos Humanos - projetos que buscam a promoção dos Direitos Humanos (econômicos, sociais, culturais e ambientais; em especial, a luta contra toda forma de preconceito, intolerância e violência).

• Desenvolvimento Econômico - iniciativas de geração de ocupação, trabalho e renda que visem à inserção econômica da população excluída do mercado formal de trabalho, ou consolidem formas alternativas estáveis de produção e geração de renda.

• Comunicação e Cultura - esforços pela democratização da informação e resgate e promoção da cultura popular.

• Meio Ambiente - projetos de educação ambiental e de intervenção de grupos e associações para: implantação de políticas públicas, recuperação de áreas degradadas, reciclagem, superação de conflitos sócio-ambientais e manejo adequado de recursos naturais.

• Diaconia Ecumênica (Serviço Social das Igrejas) - iniciativas dos setores diaconais das igrejas que tenham dimensão ecumênica, para fortalecer o trabalho da igreja no âmbito dos direitos humanos e o do seu compromisso com os movimentos sociais de caráter popular.

• Saúde Popular - promoção de saúde pública e do resgate de práticas alternativas eficazes de saúde, com base em tradições populares.

• Educação - defesa da educação pública, da educação popular comunitária e, ao fomento de práticas educativas diferenciadas.

Clique aqui para maiores informações

Sonho Impossível - Maria Bethânia

No último dia (do primeiro turno?!) de campanha eleitoral, uma amiga me contou que amanheceu cantando Maria Bethânia. Que fique claro: elas - a amiga e a "Bethânia" - certamente não estavam pensando no próximo domingo.

Se quiser ler a letra: http://letras.terra.com.br/maria-bethania/47243/


domingo, 26 de setembro de 2010

Prêmio Instituto Claro - Novas formas de Aprender e Empreender


O Instituto Claro acredita que as ideias inovadoras, se colocadas em prática, têm o poder de transformar o mundo.

Por isso, a edição de 2010 do Prêmio Instituto Claro – Novas formas de Aprender e Empreender tem como objetivo fomentar o empreendedorismo na educação e no desenvolvimento comunitário, reconhecendo e articulando os agentes, de forma a tornar ainda mais transformadoras as suas ações. Em sua primeira edição, o Prêmio teve 1.365 iniciativas inscritas.

Se você é um empreendedor social que usa as tecnologias de informação e comunicação para inovar na educação e no desenvolvimento comunitário, participe. Serão R$ 150 mil em prêmios, distribuídos conforme o regulamento.

Veja em qual das duas modalidades seu projeto se encaixa e faça sua inscrição. Sua iniciativa transformadora pode fazer a diferença.

Clique aqui para visitar a página do Prêmio.

sábado, 25 de setembro de 2010

Conselho da Mulher comemora: Irmã Mária vai receber em BH o título ‘Mulher Notável’ 2010


ACIP/CDL

O Conselho da Mulher Empreendedora da ACIP/CDL informa: a Irmã Maria Josephina Vam Rompay vai receber o título Mulher Notável 2010 no segmento Educação durante o Salto em Negócios, dia 29 de setembro, em Belo Horizonte, promovido pela Associação Comercial de Minas.

Irmã Mária é coordenadora do Curso de Enfermagem do Colégio Berlaar Nossa Senhora do Patrocínio e também presta serviços à Santa Casa de Misericórdia. O nome dela e de outras mulheres notáveis patrocinenses e de toda Minas Gerais, foram indicados à organização do evento pelo Conselho da Mulher Empreendedora da ACIP/CDL e outras ACI's e o corpo de jurados acabou escolhendo Irmã Maria como uma das homenageadas.

Uma missão de Patrocínio vai a Belo Horizonte participar do evento nos dia 29 e 30. Ainda há vagas e mais informações podem ser obtidas na ACIP/CDL com Cleide no 3831-5500 ou 9902-4990.

O Salto em Negócios acontece no dias 28, 29 e 30 de setembro. Neste ano, o tema abordado será: Mulheres empreendedoras fazendo a diferença – procurando atender o “bem estar” da mulher na sua totalidade: na Emoção, Saúde, Beleza. Espiritualidade e gestão.

[Serviço]
Evento: Missão de Patrocínio no Salto em Negócios
Local: BH
Data: 29 e 30 de Setembro
Informações: 3831-5500 ou 9902-4990
Contato: Cleide

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

CNI: 71% das empresas adotam gestão ambiental

Porcentual diminui para 61% entre as pequenas empresas e sobe para 94,9% entre as grandes
Agencia Estado


São Paulo. Procedimentos relacionados à gestão ambiental, como economia de energia elétrica e reutilização da água, são adotados por 71% das empresas, segundo levantamento realizado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI). Esse porcentual diminui para 61% entre as pequenas empresas e sobe para 94,9% entre as grandes. Entre aquelas que declararam adotar esses procedimentos, 87,5% afirmaram contar com um Sistema de Gestão Ambiental (SGA) - que compreende processos com certificação internacional.

Dentre os programas adotados dentro do SGA, destacam-se a redução na geração de resíduos (80,1% das empresas que possuem SGA), o uso eficiente de energia (69,5%), a redução no consumo de água (58,3%), o uso de resíduos como matéria-prima ou insumo (45,9%) e a reutilização de água (43,6%). Por outro lado, foi constada a baixa adesão de práticas capazes de proteger a fauna e a flora. A proteção de áreas ambientais sensíveis teve adesão de apenas 36%, enquanto investimentos na produção da biodiversidade abrangeram 6,9%.

O levantamento indica que os principais fatores para a adoção desses procedimentos foram preocupação com a marca da empresa e as exigências legais. Segundo a pesquisa, os principais pontos foram imagem e reputação (assinalado por 78,6%), exigências do licenciamento ambiental (77,7%), regulamentos ambientais (66,6%) e política interna das empresas (65,8%).

"Esse fato demonstra que há uma clara preocupação das empresas quanto ao que consumidores, acionistas, mídia e concorrentes percebem da empresa com relação às questões ambientais", afirma o relatório da CNI.

Investimentos

A pesquisa mostra que 88% das empresas tinham planos de investir em preservação ambiental em 2010, um aumento de 2,1 pontos porcentuais em relação a 2009. Na opinião das empresas entrevistadas, esses investimentos deveriam ser impulsionados por meio de incentivos fiscais, acesso a crédito de fundos ambientais e pelo pagamento por programas de conservação.

A sondagem da CNI foi feita com 1.227 empresas (677 pequenas, 367 médias e 183 grandes), entre os dias 5 e 19 de abril.

EUA dão aval positivo à inspeção da carne no Brasil

America Economia

Visita dos norte-americanos está relacionada à detecção de um lote de carne processada que continha o vermífugo ivermectina acima do limite estabelecido
Agencia Estado

Brasília. A missão do Serviço de Inspeção e Segurança Alimentar (FSIS, na sigla em inglês) dos Estados Unidos que esteve no Brasil desde o dia 31 de agosto para verificar se o sistema de segurança alimentar do Brasil é equivalente ao norte-americano apresentou uma avaliação final positiva. A resposta oficial sobre a retomada das exportações de carnes brasileiras termoprocessadas para os Estados Unidos, no entanto, só deve ocorrer em dois meses, depois que os técnicos retornarem aos EUA e comunicarem seus superiores a respeito dos resultados da visita ao Brasil.

A visita dos norte-americanos está relacionada à detecção de um lote de carne processada que continha o vermífugo ivermectina acima do limite estabelecido pelos norte-americanos, que é de 10 partes por bilhão (ppb). O caso foi registrado em maio deste ano. Na ocasião, o governo brasileiro optou por suspender as vendas da carne processada brasileira aos Estados Unidos e elaborou, com a iniciativa privada, um plano de ação que começou a ser adotado em julho. Entre as normas propostas está a seleção, pelos frigoríficos, de fornecedores de carne bovina que comprovem o respeito ao período de carência entre a aplicação de um medicamento até o abate dos animais.

Leia a matéria completa aqui.

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Música para quem puder ver


"Eu acho que a lição que fica para mim é que
É possível ver poesia em qualquer lugar
Depende só do jeito que a gente olha
É possível realizar isso
Depende d'a gente ter alguma iniciativa"

Revelados os segredos para um bom café expresso


Instituto Nacional do Expresso italiano e o Instituto de Degustadores de Café elaboraram uma lista de erros que os consumidores jamais deveriam aceitar em uma cafeteria

Por Agência EFE

ROMA - Um café só ou "expresso", como é chamado na Itália, é algo mais que uma bebida escura estimulante, é uma arte, uma questão de orgulho nacional para os italianos, e por isso eles resolveram difundir os melhores truques para prepará-lo e para que o cliente esteja atento ao desempenho correto do funcionário. O Instituto Nacional do Expresso italiano e o Instituto de Degustadores de Café elaboraram uma lista de erros que os consumidores jamais deveriam aceitar em uma cafeteria.

Liderando a lista de pecados está o material e o formato da xícara utilizada, pois se esta for cilíndrica não ajudará na formação do creme, e se for feita em louça não manterá a temperatura adequada.

O ideal é que o café seja servido em uma xícara de porcelana esférica, mais estreita na base que na parte superior, o que contribui para manter a temperatura e favorece a percepção dos aromas e os sabores do café.

Também será necessário checar onde e como são distribuídas as xícaras antes de servir o esperado 'expresso', diz Luigi Odello, professor de Análise Sensorial, pois, se estas estão dispostas em mais de dois níveis acima da cafeteira, o melhor é começar a pensar em pedir um chá.

Embora a primeira vista possa parecer um detalhe sem importância, ter duas fileiras de xícaras sobrepostas significa um erro capital na preparação do café, já que as que estão na terceira e quarta filas estarão frias e não manterão a temperatura adequada para uma correta degustação.

É aconselhável, além disso, ver se o garçom enche de forma apropriada o filtro, e para isso é preciso estar atento na maneira como ele programa o dosificador.

Depois, ele terá que saber prensar o café moído do filtro com força e vigor, exercendo a pressão equivalente a 20 quilos de peso.

Porque se não for bem prensado será difícil eliminar os restos da mistura, pois no final do dia o porta-filtro terá acumulado uma consistente dose de café já utilizado, passando a sair queimado.

A ordem e a limpeza são fundamentais na preparação desta bebida e por isso tem de controlar se, após prensar o café, o funcionário se preocupa em eliminar os restos da mistura nas bordas do porta-filtro.

O último teste de fogo será observar atentamente como sai o café: se baixa aos borbotões significa que algo saiu errado, já que só vale à pena beber se o líquido evocar a formato da "cauda de um rato" (por mais nojento que isso possa parecer) e cair com fluência até a xícara.

Tudo isso, em não mais de 25 segundos, o tempo necessário para encher os 25 mililitros da xícara com um bom 'expresso', que, se for servido corretamente, apresentará "um intenso tom avelã com reflexos avermelhados e uma textura tão fina que não será possível ver nela a trama", assinala Odello.

São características que para este especialista significam uma "promessa" de um "aroma particular que abrange desde o mel às flores, passando pelo chocolate, frutas secas e especiarias".

Com bem menos dessa quantidade, uns cinco mililitros, será possível estabelecer, no entanto, se o 'expresso' conta com a acidez titulável, "sem parecer um limão", e se é um café "encorpado, sem nenhum toque adstringente e com um bom equilíbrio entre o ácido e o amargo".

Todos eles, em suma, são pequenos detalhes que devem ser levados em consideração e com os quais os amantes de um bom 'expresso', após um árduo trabalho de pesquisa, poderão curtir um dos pequenos prazeres cotidianos com esta bebida estimulante, que tem no mundo tantos seguidores quantos detratores.

terça-feira, 21 de setembro de 2010

11 de setembro: lá vamos nós de novo

Cena de tortura em Bagram

Um dos modos mais poderosos de se perpetuar e fortalecer uma ideologia é obtendo-se controle sobre o calendário e sobre o modo como as pessoas marcam a passagem do tempo, recordam eventos passados e celebram momentos sagrados. Desse modo, por exemplo, a cristandade tomou posse dos dias santos do paganismo e converteu-os em festivais cristãos (Natal, Páscoa e assim por diante). Então, em nossa própria época, o capitalismo global tomou posse dos dias santos do cristianismo e converteu-os em festivais de consumo e de acumulação de débito (fazendo o mesmo com os dias santos da nação-estado).

Em qualquer dia marcado como santo – ou designado como momento de se recordar um evento passado – vale lembrar que algumas coisas estão sendo lembradas, enquanto outras estão sendo esquecidas. Certas facções da sociedade têm sempre um interesse velado em moldar nossa memória desta forma, e acontece de serem as mesmas facções que têm o poder de impor sua própria versão da história sobre nós.

Pegue hoje, 11 de setembro. 11/9. Que evento momentoso aconteceu no dia de hoje?

A verdade é que mais de um evento momentoso aconteceu neste dia no curso da história. Em 11 de setembro de 1973 o golpe de Pinochet derrubou no Chile o governo democraticamente eleito de Salvador Allende. Durante os anos subsequentes de seu governo, entre 9.000 e 30.000 pessoas foram assassinadas ou “desapareceram”, dezenas de milhares mais foram torturadas ou aprisionadas, e centenas de milhares experimentaram “situações de trauma extremo”.

Levando-se em conta a maciça perda emocional colocada em andamento pelos eventos de 11 de setembro de 1973, poderia ter ocorrido a alguém marcar cada 11 de setembro com alguma espécie de memorial. Isso, no entanto, não aconteceu, e tampouco a data será lembrada dessa forma. Por quê? Porque o golpe de Pinochet contou com o apoio da CIA, seu domínio foi sustentado pelo governo americano, seus torturadores foram treinados por oficiais americanos e sua economia implacável (que triturou o povo de seu país de modo a vender seus recursos a corporações externas) foi dirigida por economistas americanos (Milton Friedman comunicava-se pessoalmente com Pinochet, encorajando-o a manter-se fiel ao capitalismo de livre-mercado sem deixar-se distrair pelos sofrimentos do povo chileno).

Por essa razão, aqueles com o poder e os recursos para conduzir as narrativas públicas e as versões da história a que somos submetidos – aqueles que criam os dias especiais que marcam nossos calendários – tomaram providências para que o 11 de setembro permaneça um dia em que esse evento é apagado da história. Ao invés de ser um dia de se lembrar, é um dia de se esquecer. Esqueçamos Allende. Esqueçamos Pinochet. Esqueçamos a destruição da democracia na América Latina. Esqueçamos os modos injetores-de-morte com os quais os Estados Unidos e o resto do Ocidente têm tratado o resto do mundo. Deus sabe que a lembrança dessas coisas poderia inspirar alguns sujeitos a bater com aviões em prédios (embora, pode ser necessário notar, estou convicto de que estariam agindo errado se o fizessem).

Há nove anos, no entanto, alguns caras de fato pilotaram aviões de modo a que colidissem com prédios, e é isso que somos ordenados a lembrar no dia de hoje. É uma opção sem dúvida superior, porque nela nasce a América como vítima inocente – uma vítima que, renascendo das cinzas, permanece ainda disposta a oferecer-se em sacrifício de modo a levar gratuitamente a liberdade e a sabedoria (McDonald’s e Coca-Cola) ao resto do mundo. América, o herói longânimo. América, nosso próprio Cavaleiro das Trevas.

O interessante é que o ano em que tudo isso aconteceu é normalmente removido do vocabulário. As pessoas se referem ao “11 de setembro” ou a “11/9″; não se fala em “11 de setembro de 2001″ ou “11/09/2001″. Desse modo os eventos daquele dia adquirem uma espécie de atemporalidade e adentram um processo de recorrência eterna. A remoção do ano traz o episódio para perto de nós e faz com que pareça que tudo aconteceu um minuto atrás. Isso não apenas acentua a manipulação emocional produzida por espetáculos memoriais, mas também nos ajuda, de modo muito conveniente, a esquecer tudo que aconteceu desde então. Deste modo, lembramos os americanos que sofreram e morreram injustamente. Lembramos o heroísmo dos bombeiros de Nova Iorque.

O que não lembramos são os 100.000 civis que morreram mortes violentas no Iraque desde a invasão americana. Também não lembramos os civis (entre 14.000 e 35.000) que morreram até agora no Afeganistão (isso sem falar no incalculável número daqueles deixados feridos, incapacitados, sem filhos, órfãos ou traumatizados nesses dois países). O que não lembramos é o número incontável de inocentes raptados e torturados por soldados americanos desde 11/9 – em Abu Ghraib e Guatanamo, de Bush, e na prisão “super-Guatamano” de Obama na base da Força Aérea em Bagram.

O que não lembramos é que o governo americano investiu 1.078.552.000.000 de dólares (e contando) nessas guerras. É dinheiro dos contribuintes, mas não lembramos o quanto essas guerras estão contribuindo para a crise econômica nos Estados Unidos, aos cortes orçamentários relacionados a casas populares, escolas públicas, rodovias, iluminação pública e serviços sociais. O que não lembramos é que Bush mentiu ao começar essas guerras e que a administração de Obama mentiu quanto a dar um fim a elas.

Portanto, hoje seremos lembrados a “nunca esquecer” os eventos que ocorreram nove anos atrás. Porém o mandato de lembrarmos determinados eventos de determinadas formas, com a exclusão de todo o restante, é na verdade um modo muito poderoso de se produzir o esquecimento em massa.

Os rumores a seu respeito


Desde o momento em que você nasce as pessoas começam a falar sobre você umas com as outras, sem que você tenha acesso direto ao conteúdo do que elas dizem e sem que possa interferir com a mesma liberdade criativa nas concepções que desenvolvem a seu respeito.

Com o tempo, os rumores a seu respeito tornar-se cada vez mais associados a você; quando você chega, o que as pessoas de fato enxergam é uma complexa obra de ficção, uma impressão formada tanto ou mais pelo conjunto total dos rumores a seu respeito quanto pelo que você de fato já disse ou fez.

Somos, cada um de nós, uma obra coletiva.

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Ficha Limpa: Eu assinei, falta você!

Mônica Othero Nunes por email

Se você cidadão comum, como eu, cometer algum "deslize” seja como pessoa física ou jurídica em qualquer campo de sua vida profissional, amorosa, cívica, logicamente num curto espaço de tempo, será punido seja com multas, penas sócioeducativas, julgamentos e até prisão. “Você vai responder pelos seus possíveis atos ilegais”. Terá que remover o céu até a terra para provar a sua inocência e ter ao seu lado um ótimo advogado. Sem falar no desgaste emocional que vai sentir. No clima péssimo que vai ficar no seu trabalho e família.

Então eu pergunto: por que com o político está sendo diferente?Já foi feito a Campanha FICHA LIMPA com um número expressivo de assinaturas. Agora estão tentando modificar esse Projeto que foi algo diferenciado na democracia do Brasil. Continuam com a "mesma alma lavada e enxaguada”. Estes 242 estão tentando barrar o Projeto Ficha Limpa, influenciando os possíveis ministros do STF que estão em dúvida se é constitucional ou inconstitucional? Como pode isso acontecer?

Você que sente no seu dia todas as situações que precisam de mudanças reais para que possamos de fato usufruir os mesmos direitos e deveres assine mais uma vez petição:

http://www.avaaz.org/po/ficha_limpa_supremo/?vl

Como pode querer que o povo de uma maneira em geral seja ético, honesto, responsável se os representantes não são? Se é permitido concorrer a alguma vaga sendo acusado de corrupto? A demora para julgar casos envolvendo políticos corruptos, a permissão para disputar mais uma eleição mesmo correndo risco no futuro de ser cassado nos mostram o caminho: precisamos dar um basta participando, mobilizando a sociedade.

Está na hora de estudar o passado do seu possível candidato. De escolher com calma, para não ser vitima desses políticos que alimentam a corrupção, impunidade, o acima das Leis. Observe no cenário nacional quem está apoiando quem. Alguns voltaram com força, apoiando quem no passado foi oposição!

Não podemos jogar fora a oportunidade de construção de um novo quadro político no Brasil.

Eu já assinei, falta você!

Monica Othero Nunes

Troque o plástico por jornal

A grande justificativa das pessoas que dizem que "precisam" de sacolinhas plásticas é a embalagem do lixo. Tudo bem, não dá mesmo pra não colocar lixo em saco plástico, mas “Sacos de lixo Biodegradáveis” que são feitos com materiais orgânicos e de fibras vegetais levam bem menos tempo para se degradarem no solo assim causando menos impacto na Natureza.

Além disso será que não dá pra diminuir a quantidade de plástico no lixo?

Melhor do que encher diversos saquinhos plásticos ao longo de uma semana é usar um único saco plástico dentro de uma lixeira grande na área de serviço, por exemplo, e ir enchendo-o por alguns dias com os pequenos lixinhos da casa (da pia, do banheiro, do escritório). Se o lixo é limpo, como de escritório (papel de fax, pedaços de durex etc.), pode ir direto para a lixeira sem proteção. No caso dos lixinhos da pia e do banheiro o melhor substituto da sacolinha é o saquinho de jornal. Ele mantém a lixeira limpa, facilita na hora de retirar o lixo e é facílimo de fazer. Leva 20 segundos. A idéia veio do origami, que ensina essa dobradura como um copo. Em tamanho aumentado, feito de folhas de jornal, o copo cabe perfeitamente na maioria dos lixinhos de pia e banheiro que existem por aí. Veja:

Você pode usar uma, duas ou até três folhas de jornal juntas, para que o saquinho fique mais resistente. Tudo no origami começa com um quadrado, então faça uma dobra para marcar, no sentido vertical, a metade da página da direita e dobre a beirada dessa página para dentro até a marca. Você terá dobrado uma aba equivalente a um quarto da página da direita, e assim terá um quadrado.

Dobre a ponta inferior direita sobre a ponta superior esquerda, formando um triângulo, e mantenha sua base para baixo.

Dobre a ponta inferior direita do triângulo até a lateral esquerda.

Vire a dobradura "de barriga para baixo", escondendo a aba que você acabou de dobrar.

Novamente dobre a ponta da direita até a lateral esquerda, e você terá a seguinte figura:

Para fazer a boca do saquinho, pegue uma parte da ponta de cima do jornal e enfie para dentro da aba que você dobrou por último, fazendo-a desaparecer lá dentro.

Sobrará a ponta de cima que deve ser enfiada dentro da aba do outro lado, então vire a dobradura para o outro lado e repita a operação.

Se tudo deu certo, essa é a cara final da dobradura:

Abrindo a parte de cima, eis o saquinho!

É só encaixar dentro do seu cestinho e parar pra sempre de jogar mais plástico no lixo!