segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Convite feito. Convite aceito.

Por Mônica Othero Nunes

Engana quem acha que cultura envolve somente música, teatro, cinema, dança, literatura. Engana quem propaga conceitos como "o povo não tem cultura", "o povo só gosta de eventos como rodeio, carnaval" ou "o povo não gosta de uma boa música".


Engana quem acredita que a cultura sobrevive por si de forma individual e independente.

Ao associar cultura com livros e formação acadêmica destrói insensatamente a riqueza que existe nos costumes populares, nas crenças, no folclore, na culinária, nas bênçãos, na tradição.

A partir do momento que o homem aprende e compartilha com seu semelhante ele se identifica com o grupo reforçando sua condição de ser social, levando-o a condição única na natureza de produzir. Repassando conhecimentos adquiridos de geração a geração. Dotado de criatividade o homem consegue não só informar mas, renovar estabelecendo assim uma continuidade, dando sentido à vida.

Convivemos com uma grande diversidade cultural sem que um seja superior ao outro, sem que um tire o "brilho" do outro. Estamos tão inseridos na cultura que não tem como separar cultura e sociedade. É preciso desenvolver meios onde toda manifestação cultural tenha bem definido a inexistência de propriedade. Ou seja cultura pertence a sociedade e não ao indivíduo, daí a sua riqueza.

Na verdade desde que nascemos estamos em contato com a cultura. Seja aprendendo as receitas de nossas avós, nos identificando com nossos heróis, rezando conforme a novena, dançando conforme a música, acompanhando uma marchinha de
carnaval, representando Narizinho, lendo Machado de Assis, visitando a Estação Ferroviária conseguimos nos adaptar, modificar o meio e assim vivermos com qualidade.

Então está na hora de você deixar de lado frases como: "aqui não tem nada para fazer, aqui não existe cultura".

Está na hora de todos participaram da Conferencia Municipal da Cultura que irá acontecer no dia 30 de setembro, cujo tema será: "Cultura ,Desenvolvimento ,Diversidade e Cidadania".

Não podemos deixar perpetuar a idéia de que Patrocínio é a cidade do "latinha"!

Não podemos aceitar a possibilidade da extinção de manifestações populares como Congado, Folia de Reis, Festa do Rosário por falta de apoio e incentivo Municipal.

Não podemos imaginar Patrocínio sem um Espaço Cultural adequado para todas as apresentações artísticas.

Não podemos assistir calados a partida de artistas locais em busca de patrocinadores.

Não podemos rotular estilos artísticos, desenvolver a tendência a taxar de ruim, péssimo, feio, sem chance, fora do contexto.

Mudando sua atitude, seu comportamento, deixando o lado pessoal, visando o coletivo não é só a cidade que vai mudar é a sua vida também!

Então, convite feito, convite aceito! De longe já estou ouvindo a voz de Milton Nascimento:

“Lá vem a força, lá vem a magia
Que me incendeia o corpo de alegria
Lá vem a santa maldita euforia
Que me alucina, me joga e me rodopia

Lá vem o canto, o berro de fera
Lá vem a voz de qualquer primavera
Lá vem a unha rasgando a garganta
A fome, a fúria, o sangue que já se levanta

De onde vem essa coisa tão minha
Que me aquece e me faz carinho?
De onde vem essa coisa tão crua
Que me acorda e me põe no meio da rua?

É um lamento, um canto mais puro
Que me ilumina a casa escura
É minha força, é nossa energia
Que vem de longe prá nos fazer companhia

É Clementina cantando bonito
As aventuras do seu povo aflito
É Seu Francisco, boné e cachimbo
Me ensinando que a luta é mesmo comigo

Todas Marias, Maria Dominga
Atraca Vilma e Tia Hercília
É Monsueto e é Grande Otelo
Atraca, atraca que o Naná vem chegando”

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